quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

VÍTIMAS DAS ENCHENTES: AÇÕES DE SOLIDARIEDADE

O noticiário tem exibido as tragédias decorrentes das chuvas abundantes. Justo no período dos festejos de fim de ano, milhares de pessoas foram atingidas pela tragédia das enchentes, em diversos pontos do país.

Acontecimentos de humilhante e revoltante repetição, em uma nação que embora prime pela beleza dos textos legais, se esmera em descumprí-los (notadamente o poder público).

Política habitacional digna desse nome é algo inexistente, apesar dos 24 anos da redemocratização do país.

Ano após ano nos vemos na condição de testemunhas passivas do descaso crônico para com a população trabalhadora - a de menor poder aquisitivo e justamente a que menor importância recebe de seus representados, diretamente eleitos.

Todos conhecem os períodos das grandes chuvas. A ciência e a tecnologia já permitem a antecipação das tempestades, das chuvas abundantes.

Mas não se vê ações antecipatórias. Monitoramentos preventivos de encostas; política séria de reassentamento de populações habitantes em locais de risco.

Apesar da legislação sobre ocupação de encostas, regiões alagáveis e de proteção ambiental remontar a década de setenta do século passado.

E aí tudo se repete, num descaso inadmissível interminável, ceifando centenas, milhares de vidas sacrificadas peça inépcia, pelo descaso, pelo desrespeito dos diversos agentes do poder público.

Mais uma vez vemos milhares de pessoas ficaram sem seus lares, sem nada, apenas com a roupa do corpo; outras, sem sequer sua família.

Essas que sobreviveram, além da dor moral, terão que se haver com a hercúlea tarefa de reconstruir suas vidas, suas casas. Tudo de novo.

Tudo, absolutamente tudo o que compõe uma casa, uma morada, perderam: talheres, pratos, panelas, copos, canecas, roupas de cama, mesa, banho, roupas pessoais, calçados, além de móveis, eletrodomésticos e, claro, alimentos.

Sem falar no principal: A PRÓPRIA CASA!

Quando nos encontramos no relativo conforto de nossas casinhas, aquecidos e alimentados, assistindo à tevê, ouvindo o rádio ou os nossos CDs preferidos; quem sabe assistindo um vídeo, ou mesmo viajando pela internet, não passa muito pela nossa cabeça o tudo que nos é cotidianamente necessário e que faz parte de nossa vida cotidiana.

Das coisas todas que necessitamos e que compõem a nossa casa e, por extensão, o nosso viver com um mínimo de dignidade, apenas nos damos conta quando nos vemos privados delas.

Da parte do poder público, o Estado lhes acena com a ínfima quantia de duzentos e poucos reais mensais, a título de "aluguel social".

O que conforta é sabermos da capacidade de ações solidárias de nosso povo.

De nosso povo, porque jamais vi, em toda a minha vida, um parlamentar que fosse destinar o seu e promover campanha para que os seus colegas também destinassem parte de seus estipêndios, de algumas de suas muitas verbas, para alguma ação social solidária em casos trágicos como esses.

Um exemplo de ação solidária é a construção do blog Projeto Enchentes, surgido no "calor" dos horrores transmitidos através das imagens televisivas.

É fruto da iniciativa de Cristiana Soares, profissional de comunicação social, sensibilizada com o sofrimento de outros humanos e indagando-se sobre o que poderia fazer para ajudar de algum modo.

O projeto já conta com várias adesões. Inúmeras pessoas estão se organizando para ajudar às diversas comunidades atingidas, das mais diversas maneiras.

Seja em conjunto, nos condomínios residenciais, igrejas, clubes, locais de trabalho, sindicatos, associações profissionais; seja individualmente, prestando serviços voluntários (por exemplo, oferecendo-se para cozinhar, para desenvolver atividades recreativas com as crianças nos abrigos, oferecendo a casa para abrigar alguns dos vitimados etc).

Taí um exemplo que pode (e deve) continuar sendo multiplicado. Afinal, já está mais do que provado que a "salvação" só se dá pela via coletiva; que somos todos reciprocamente dependentes de tudo e de todos.

Há, no blog, uma postagem só com os nomes das comunidades atingidas e os locais de entrega das doações: http://projetoenchentes.radioramabrasil.com/doacoes/


Você que também deseja colaborar e não sabe como, dê um pulinho até lá. Ou então no twiter: #enchentes; #projetoenchentes; @cristalk.

Um comentário:

Rita Colaço disse...

O Exército de Salvação retira e encaminha as doações.

No RJ o contato é: 3879-9600, de 2ª à 6ª, das 08 às 18 horas; sábados, das 8 às 13 horas.