terça-feira, 13 de abril de 2010

"O Vaticano continua o mesmo"

O sumo sacerdote da igreja católica apostólica romana, pretendendo desviar o foco da verdadeira aberração que consiste o acobertamento de pedófilos no seio de uma congregação religiosa, proclama, do alto de sua iniquidade, que o "mal" é o "homossexualismo" (sic) e não o seu totalitarismo, a sua histórica perseguição aos discordantes; o seu passado de genocídios (de mulheres, índios, judeus, muçulmanos, sodomitas); a sua arrogância em legislar sobre a vida privada daqueles que não professam a sua crença, a sua contumácia em desrespeitar o princípio da laicidade.

A revista Carta Capital de 14 de abril, nas bancas, na página 12 traz o editorial de Mino Carta com o título: "O Vaticano continua o mesmo - Galoparam os séculos, mas a Igreja é, ainda e sempre, tragicamente anacrônica". Nele é transcrita a fala de Tullia Zevi, ex-presidente das comunidades judias da Itália, com 91 anos de muita lucidez: "Enfim, quem decide quem é santo?" "Por que o papa não cuida de perceber que o celibato é contra a natureza?"

E aduz o editorialista:
"De todo modo, o escândalo da pedofilia é antigo e deliberadamente ignorado, é brasa debaixo das cinzas a faiscar até menos do que tantos outros. Por exemplo, as ligações do banco vaticano com o crime organizado, a envolver lavagem de dinheiro e até assassínios. Ou as insuportáveis interferências na vida política de vários países, a começar por Itália e Espanha, onde o Estado se diz laico, mas os governos sofrem as pressões de batina e frequentemente se ajoelham, obedientes e compungidos."
Enquanto se dedica a considerar o nazismo um baluarte contra o comunismo (Pio XII), a excomungar o instrumento mais eficaz contra DSTs e inclusive o HIV e o Papiloma Vírus , que é a camisinha (Paulo VI), a silenciar o quanto pode a pedofilia de seus padres e a orquestrar uma perseguição mundial contra homossexuais (gays, lésbicas, travestis e transexuais inclusive), o Vaticano silencia sobre a fome, a miséria, a concentração das riquezas, a corrupção, a exploração do humano pelo humano.

Esqueceu, completamente esta Igreja, TODOS OS ENSINAMENTOS do Cristo que ousa dizer representar e deter, na Terra, a exclusividade da interpretação e exercício de Sua palavra. O Cristo Jesus que era exemplo vivo e cotidiano de fraternidade, coerência, Justiça, equidade, compreensão, acolhimento.

Para esta Igreja espúria, traidora e iníqua, assim como para esses políticos cínicos e irresponsáveis, dou-lhes o meu cântico indignado:

JULGA-ME, SENHOR


(Fundo Musical: Um Dia no Amazonas, de Naná Vasconcelos)


(A Defensoria Pública e ao Ministério Público)




Abre, Senhor, Tua boca, e julga!
E Faze a Justiça necessitada!


Se é verdade que seja eu o mais brutal,
o mais rude dentre todos,
então também é verdade que
não tenho entendimento,
nem sensibilidade, nem solidariedade,
nem compaixão.

Nem aprendi a lutar desesperada e veementemente
quando ao redor a ventania a tudo derrubava.

Nem aprendi a crer na honradez pelo trabalho próprio;
nem constituí minha caminhada uma estrada de fé
e esperança no humano,
transferindo o gozo do vinho, dos sorrisos,
das viagens, para depois de aberta a picada.

Se toda minha palavra é dura e escarnece a ferida,
também é verdade que, como águia no céu,
persegue o suave caminho pelo mar,
revelando os escolhos.

Se sustento a pisada
quando ao meu lado me batem o pé
é porque sustento o Teu nome – e o Meu –,
filho Teu que Sou, Centelha Tua,
a fluir e exigir-me digno de Tua Herança.


II

Se não aprendi a formosura das doces palavras,
é porque duas coisas me exigiste:

“Alonga de ti a arrogância
e a mentira”.

E assim, impondo-me observar-Te as leis,

procurei conduzir os meus e
fazer o meu caminho Teu espelho.

Se em mim não se faz ouvir
o equilíbrio da suavidade,
da meiguice codificada em signos de mercancia,
é que também, desde os tempos idos,
já não se ouve Justiça, Eqüidade, sossego.

Não, Senhor, não aprendi a sabedoria
da mesa e do vinho dos que estabeleceram
todos os contornos da aceitabilidade civilizada.

Não, Senhor, não aprendi tal sabedoria.
Mas tão só o conhecimento das
enchentes nas madrugadas,
que entra destruindo tudo, a castigar e a sucumbir
todos aqueles que não retiverem no espírito
a alma do soldado que dorme em constante vigília.

A cultura que me toca
é a legião de abandonados pelas ruas:
sem casa, sem emprego, sem escola e sem comida.

A produzir com suas mãos o bolo cozido
no fogo do abandono e da indiferença.

Lábios que zombam, bocas que segregam,
olhos que se fazem cegos...
Eis que de meus pés afloram
botas esculpidas em de barro.
O mesmo que – dizem – Tu nos fizestes.

O mesmo barro que ocultamos pressurosamente,
recobrindo-lhe onde passe,
com concreto, exclusão e betume, a sufocar
toda e qualquer semente.

III

Busquei sempre reter em mim e nos meus
o respeito às Tuas e às nossas Leis.

E amoldei os meus
- como meu pai a mim e a meus irmãos
e meu avô a meu pai e a meus tios.

E fiz erigir dentro de cada um dos meus
a altivez pelo trabalho próprio,
a dignidade pela observância das leis,
o respeito absoluto pelo que é do próximo.

Hoje me encontro a perguntar:
- Senhor, de que valeu?

De que valeu, Senhor, se no mundo
nem eu nem os meus
têm encontrado adequação?

Se seguir os ensinamentos Teus e dos antigos
é como falar numa língua esquecida e estrangeira?

Como manter os meus vivos e lúcidos,
se também aqueles que devem julgar
fazem-se insensíveis à sua responsabilidade?

Como, Senhor, convencer a esses jovens,
cujo sangue por Justiça ferve nas veias,
de que deverão permanecer a esperar
indefinidamente,
sem nunca verem-se saciados?

A fome e o frio não sabem esperar, Senhor.

Mas a miséria alheia só incomoda como opróbrio da
opulência (desavergonhada e ignóbil,
que apropria-se sem remorso do dinheiro de todos.)

Então, para silenciar a denúncia
palpável e ambulante que é,
queimemo-la.

Já que de nada vale, de nada serve, que nada é.

...De que vale a vida?! - Queimemo-la, pois.


Queimemo-la, para que depois,
uma Toga venha a branir com sua espada
estrábica e manchada que
não havia maldade; não havia intenção;
não havia malefício.

No entanto, disseste:

“Eis aqui o meu servo a quem sustenho.
Pus sobre ele o meu Espírito e ele promulgará
o Direito para os gentios. Não desanimará
nem se quebrará até que ponha na terra o Direito.”

IV

Por muito tempo estive calado, Senhor.
Permaneci em silêncio e me contive,
acreditando que não me cabia julgar as leis
e menos ainda os Homens da Lei.

E, assim, obediente,
cuidei de cumprir a minha parte.

Agora já não posso mais.
Não posso mais, Senhor.

E por isso eu grito:

Enaltecemos a Lei e fizemo-la grandiosa
pela sua observância cotidiana,
em agrado à própria Justiça.

E o que temos, Senhor?

- Um povo roubado, saqueado,
aninhado em cavernas à beira das estradas,
por sob os viadutos...

Que caminha em procissão de um lado para outro
em busca de chão, mas são tocados como presa.

E ninguém há que os livre.

No entanto reza a Tua Lei:

“O proveito da terra é para todos.”

“Boa e bela coisa é comer e beber
e gozar cada um do bem de todo o seu
trabalho, com que se fatigou debaixo do sol.”


“Ó vós, todos os que tendes sede,
vinde às águas. E os que não tendes dinheiro,
vinde. Comprai e comei. Sim, vinde, pois.
Comprai sem dinheiro e sem preço
vinho e leite.”

Onde o trabalho, Senhor?!

Onde o salário digno?,
contrapartida eqüânime do suor de nossas mãos
ou da fadiga de nossa mente?,
remuneração mantenedora da dignidade
dos meus e de todos?

Como é, pois, Senhor, possível
permanecer obediente e confiante,
vendo ao lado tanta morte,
tanta fome, tanto desamparo?

Como crer e obedecer as Leis e a Justiça,
se a mesma Lei e Justiça voltam-se contra nós,
em desagrado às Tuas palavras?
em desagrado a mais elementar de Tuas Leis?


________________

Referências:

Eclesiastes, 5:9.
Eclesiastes, 5: 18.
Isaías, 55: 1.
Provérbios: 31:8, 9. 30: 2, 7, 8.
Eclesiastes, 5: 19.
Tiago, 2: 1 a 3; 5 e 6. 4:11 e 12. 5.
Isaás, 1:6; 2:16 e 17; 42:22.

Poema oriundo de Samdhyâ - A Primavera do gerúndio e outras estações, ed. da autora, 2004.

5 comentários:

Rita Colaço disse...

"NOTA OFICIAL DA ABGLT SOBRE DECLARAÇÕES DO VATICANO REFERENTES À HOMOSSEXUALIDADE

[...]


Diante da declaração do Secretário de Estado do Vaticano, cardeal Tarcisio Bertone, que afirmou nesta segunda-feira (12/04/2010) que é o “homossexualismo” (sic), e não o celibato, que deve ser relacionada à pedofilia, a ABGLT vem a público se manifestar:



[...]
A ABGLT mantém uma campanha permanente contra a pedofilia e o abuso sexual de crianças e adolescentes: http://www.abglt.org.br/port/luta_pedofilia.php ;

Diversos estudos sobre a pedofilia e sobre o abuso sexual de crianças e adolescentes apontam que a maioria destes crimes é perpetrada por heterossexuais, sem que isto signifique que a heterossexualidade cause a pedofilia. As questões relacionadas à pedofilia propriamente dita são muita complexas e não podem se reduzir a tão simplista diferenciação baseada na orientação sexual dos agressores. O que surge de fato como tendência nos estudos é que os crimes são praticados especialmente por pessoas que têm proximidade, exercem autoridade e possuem confiança em relação às crianças e aos adolescentes, como pais, familiares, religiosos;



A ABGLT não aceita esta provocação do Vaticano contra as pessoas Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais – LGBT, que não passa de uma tentativa de desviar a atenção do problema maior que se prolifera dentro do seio da Igreja Católica, o qual deve - sim - ser explicado e esclarecido para a sociedade em geral;



A ABGLT defende um Estado Laico e entende que a liberdade religiosa não garante ao Vaticano o direito de julgar com suas próprias leis os seus pares que abusam de crianças e adolescentes. A ABGLT entende que religiosos que cometam crimes de abuso sexual de crianças e adolescentes, além de ter o devido acompanhamento dos serviços de saúde, devem ser submetidos às penas previstas pela lei secular, assim como o restante da população. Assim, a ABGLT se soma às demais instituições de direitos humanos e pede que o Vaticano se explique sobre estes crimes cometidos por sacerdotes católicos, e que não culpe de forma irresponsável a comunidade LGBT;



A ABGLT, diferente dos setores fundamentalistas religiosos, defende a educação sexual para crianças e adolescentes, de tal modo que aprendam a ter autonomia sobre seu corpo, e a se proteger e denunciar abusos dentro de casa, nas igrejas e em qualquer outro lugar;



A ABGLT convoca as organizações profissionais, de direitos humanos e LGBT, nacionais e internacionais, a se pronunciarem sobre o assunto;



A ABGLT espera que o Secretário de Estado do Vaticano, cardeal Tarcisio Bertone, tenha o mínimo de respeito para as famílias das crianças abusadas por padres e bispos da Igreja Católica, e que, ao invés de jogar a culpa de seus escândalos para a comunidade homossexual, reflita sobre o passado e o mal que historicamente a Igreja tem feito aos negros, deficientes, mulheres, judeus, ciganos, homossexuais e crianças e adolescentes em todo o mundo. Será que futuramente a Igreja vai pedir perdão também aos homossexuais por mais este erro que está cometendo agora?



Viva o Estado Laico. Pelo direito da Educação Sexual de crianças e adolescentes, pela punição (conforme as leis seculares) de religiosos que abusam sexualmente de crianças e adolescentes, por uma nova Igreja que respeite os direitos humanos de todos os cidadãos e todas as cidadãs, sem distinção de qualquer natureza.



Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais

Rita Colaço disse...

"Autoridades, médicos e movimentos de defesa de grupos homossexuais no Chile pediram ao secretário de estado do Vaticano, Tarcisio Bertone, provar as ligações da homossexualidade com a pedofilia, como afirmou segunda-feira em Santiago.

"Eu não tenho essa opinião, gostaria de conhecer os estudos científicos que ele diz ter. Tenho uma grande estima pelo Cardeal Bertone, mas tenho a sensação que neste caso ele está equivocado", afirmou o senador democrata-cristã o Patricio Walker.

"Estudei o tema, não sou psiquiatra, mas advogado. No entanto, já apresentei muitos projetos contra a pedofilia, que agora viraram lei. A pedofilia é um transtorno mental de caráter sexual que afeta tanto homossexuais como heterossexuais" , comentou.

"Essa ligação foi desacertada. O celibato causa mais danos a um ser humano que a condição de homossexualidade, opção tomada livremente. Estou constrangido com as palavras deste alto dignatário da Igrej a", afirmou por sua vez o deputado comunista Hugo Gutiérrez à AFP.

"A gente nunca vai parar de se surpreender com as declarações dessas pessoas. A Igreja deveria ser mais bondosa e caridosa com os homossexuais, em vez de ficar atribuindo pecados a eles", completou.

O líder do Movimento de Integração e Libertação Homossexual (Movilh), Rolando Jiménez, também exigiu que o cardeal mostrasse provas que justificassem suas afirmações.

Especialistas médicos também descartaram a ideia. "Não me parece possível pensar que haja uma relação direta entre o homossexualidade e a pedofilia", disse a professora da Universidade do Chile Tamara Galleguillos.

Galleguillos afirmou que durante seu trabalho no Serviço Médico Legal do Chile "os heterossexuais pedófilos eram vistos de forma igual aos homossexuais pedófilos, não eram diferenciados" .

Na segunda-feira, durante coletiva de imprensa, o número dois do Vaticano afirmou que a pedofilia entre os sacerdotes tem mais a ver com a homossexualidade que com o celibato.

"Muitos psicólogos e psiquiatras demonstraram que não há relação entre celibato e pedofilia, mas muitos outros demonstraram, e me disseram recentemente, que há relação entre homossexualidade e pedofilia. Isso é verdade, esse é o problema", completou.

Bertone anunciou que o Vaticano tomará novas iniciativas surpreendentes contra a pedofilia. "Não posso antecipar, mas outras iniciativas estão sendo pensadas", disse o cardeal.

http://noticias. uol.com.br/ ultimas-noticias /afp/2010/ 04/13/cardeal- bertone-e- pressionado- para-provar- vinculos- entre-homossexua lidade-e- pedofilia. jhtm"

Rita Colaço disse...

"Sexóloga rejeita ligação entre pedofilia e homossexualidade

A psicóloga Marta Crawford recusou, esta terça-feira, qualquer ligação
entre pedofilia e homossexualidade, dizendo não compreender qual o
objectivo da Igreja Católica ao tentar estabelecer esta relação.
Declarações da sexóloga, ouvida pela Agência Lusa, depois de o cardeal
Tarcísio Bertone, número dois do Vaticano, ter dito que a pedofilia
era culpa da homossexualidade e não do celibato.

«Não vejo qualquer relação entre pedofilia e homossexualidade. A
pedofilia não é só relacionada com comportamentos com pessoas do mesmo
sexo. Logo aí a relação nem sequer se coloca. Ser pedófilo não
significa ter relações com pessoas do mesmo sexo, significa ter
relações forçadas com pessoas de outra idade», afirmou Marta Crawford.

«Não sei qual é o objectivo da Igreja ao tentar meter tudo junto. A
Igreja quer com isso provar o quê? Não estou a perceber a intenção»,
questionou ainda a sexóloga Marta Crawford.

Para a especialista, é importante sublinhar que a pedofilia é «uma
situação clínica diagnosticada», enquanto a homossexualidade «não é
uma doença» e «nada tem a ver com situações de abuso sexual sobre
outros».

Ainda assim, Marta Crawford rejeita igualmente uma relação entre
pedofilia e celibato: «Existem muitos pedófilos que nada têm a ver com
a Igreja. Parece-me demais tentar dizer que todos os homens da Igreja
sujeitos ao celibato são potenciais pedófilos. Não é a circunstância
que fabrica pedófilos, existe uma situação clínica por trás e essa é
uma questão mental».

http://www.tvi24.iol.pt/sociedade/marta-crawford-sexologa-pedofilia-vaticano-tvi24--/1154371-4071.html"

Rita Colaço disse...

'Deus é mais!
GGB repudia declarações levianas de cardeal Bertone sobre homossexualidade


Editoria local Salvador, Ba, 13.04.2010 - 17h30min




Grupo Gay da Bahia (GGB) recebeu na tarde de hoje diversos e-mails e
ligações de homossexuais protestando contra as declarações do secretário de
Estado do Vaticano, cardeal Tarcisio Bertone em visita ao Chile nessa ultima
segunda-feira.
O cardeal tentou estabelecer uma relação entre homossexualidade e pedofilia.
Conforme divulgado pelo site Mix Brasil de São Paulo em discurso transmitido
pela Rádio Cooperativa, Bertone afirmou que os recentes casos de pedofilia
envolvendo padres católicos não é uma questão de quebra do celibato
sacerdotal, mas sim de homossexualidade. Os gays que ligaram para o GGB se
sentiram ofendidos com as declarações. "É um absurdo essa relação, uma coisa
não tem nada a ver com a outra" declarou um anônimo a Marcelo Cerqueira,
presidente da entidade.

Na opinião de Cerqueira os homossexuais foram ofendidos e caluniados de
forma leviana e cínica. "Essa declaração merece um processo judicial, porque
fere princípios humanitários e discrimina mais de 10% da população
constituída por homossexuais" afirma o ativista gay. De acordo com normas
dos Conselhos de Psicologia, Psiquiatria e Medicina do Brasil e dos Estados
Unidos à homossexualidade não pode ser relacionada com doença, porque não é.
"Trata-se a homossexualidade de uma orientação sexual, uma variante da
sexualidade humana que deve ser respeitada", diz Cerqueira. "A violência
sexual contra crianças e adolescentes, geralmente contra meninas acontece no
lar, no entorno e por conhecidos. Muitos não denunciam por medo e por achar
normal esse tipo de agressão" continua Cerqueira. "Quando esses casos
envolvem homossexuais, que tem uma orientação sexual pouco aceita
socialmente é que se coloca o dedo na ferida", afirma.
Ainda na opinião do ativista a relação maldosa que a igreja católica faz
dessa prática doentia com homossexuais busca esconder e desviar o foco da
atenção dos escândalos sexuais com menores envolvendo padre em todo o mundo,
uma vergonha especialmente para aqueles que fizeram opção pela fé. "Isso que
é intrinsecamente má", conclui o ativista.
O Grupo Gay da Bahia se une ao Movimento Homossexual do Chile e de toda a
América na afirmação de que nem cardeal Bertone nem o próprio Vaticano têm a
autoridade moral para oferecer lições de sexualidade a ninguém." (Notícia divulgada pelo Prof. Dr. Luiz Mott, em 14/04/10)

Rita Colaço disse...

"14 Abril 2010 - 17h07
Comparação entre pedofilia e homossexualidade
Vaticano contesta declarações de Bertone
O Vaticano contestou esta quarta-feira as declarações do seu secretário-geral, o cardeal Tarcisio Bertone, que relacionou a pedofilia à homossexualidade, comentando os recentes escândalos de pedofilia que envolvem membros do clero.

"As autoridades eclesiásticas consideram não ser competentes sobre temas de carácter médico e psicológico, para os quais se remetem naturalmente os estudos de especialistas e as pesquisas", pode ler-se na nota divulgada pelo porta-voz do Papa, Federico Lombardi.

Na segunda-feira, o número dois do Vaticano estabeleceu uma relação entre a pedofilia e a homossexualidade, rejeitando qualquer ligação dos abusos sexuais a crianças com o celibato. "Demonstraram muitos sociólogos, muitos psiquiatras, que não há uma relação entre celibato e pedofilia, mas muitos outros demonstraram, e disseram-no recentemente, que há uma relação entre homossexualidade e pedofilia", disse, durante uma visita a Santiago do Chile.

De imediato, as declarações do cardeal Bertone causaram muita polémica em todo o mundo, principalmente por parte de associações de defesa dos direitos homossexuais. Ao coro de protestos juntou-se a França, através de uma posição oficial divulgada pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros, na qual se recorda "o empenho determinado da França na luta contra as discriminações e as ideias feitas ligadas à orientação sexual".

Bernard Valero, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros francês, deu voz aos protestos quanto às declarações do cardeal Bertone. "Trata-se de uma amálgama inaceitável que nós condenamos (...) e lembramos a necessidade de lutar contra as violações dos Direitos do Homem ligadas à orientação sexual".

Desde que há algumas semanas começaram a ser conhecidos vários escândalos de abusos sexuais no seio da Igreja Católica, esta é já a segunda vez que o Vaticano se retracta de declarações dos seus membros. A primeira ocorreu no início do mês, quando o pregador Raniero Cantalamessa comparou os ataques ao Papa Bento XVI, que tem sido acusado de ocultar casos de abusos quando liderava a Congregação para a Doutrina da Fé, aos aspectos mais penosos do anti-semitismo."

http://www.cmjornal.xl.pt/noticia.aspx?channelid=00000021-0000-0000-0000-000000000021&contentid=AB0FC2C8-9B1F-4189-B619-D007FAD5B8D9&h=6