segunda-feira, 18 de julho de 2011

O que seu Deus vai lhe perguntar de sua atitude diante disto?

Esta notícia traz a proporção que está tomando o ódio à diferença no Brasil, estimulado impunemente por falsos cristãos e outros totalitários.
 Pai e filho são confundidos com casal gay e agredidos por grupo 18/07/2011 - 17:32

A sucessão de crimes violentos contra LGBTs reais ou supostos cada vez avança mais. Está aí pra todo mundo ver; noticiada nos grandes veículos de comunicação, nas grandes redes de televisão... 

Mas nenhuma ação profilática é verificada - seja por parte do Legislativo, seja do Executivo, seja do Ministério Público, seja da  OAB. E olha que instrumentos jurídicos não faltam!

Fosse perseguição contra evangélicos, judeus, negros, atrizes de televisão e o mundo inteiro já se haveria levantado contra, movendo céus e terra, conseguindo audiências com juízes, parlamentares, exigindo atitudes, prisões sumárias, leis mais rígidas etc. etc.

Mas são viados (ou supostos, o que dá na mesma)... 
(Isso faz lembrar o poema - ao que parece equivocadamente atribuído a Bertold Brecht - que você pode reler mais abaixo. - Não pude evitar uma versão.)



O que seu Deus vai lhe perguntar sobre você diante disto?
Primeiro batiam nas putas
Mas eu não era puta
E elas provocavam, faziam escândalos

Depois passaram a espancar os viados
E eu não levei a sério
Afinal eles eram pecadores, efeminados
Não tiveram na infância um pai bem macho que lhes desse uma boa surra...

Depois passaram a torturar e matar os travestis
Ah, vai querer dizer que isso é gente? (Só mesmo com umas boas porradas!)
Depois passaram a estuprar as lésbicas
E o que é que eu tinha com isso?
- Quem manda se meter a machonas? ...

Depois, a pedradas, desfiguraram o crâneo de um menino de 14 anos. Ele era branco, classe média, boa família, estudava, tinha uma mãe que o amava.

Mas eu não tenho nada que ver com essas coisas...
Sou a favor da família e da preservação da espécie humana

Agora estão espancando a mim e ao meu filho porque a gente se abraçava...



Pai e filho são confundidos com casal gay e agredidos por grupo 18/07/2011 - 17:32


Um homem de 42 anos teve metade da orelha decepada após ser agredido por um grupo de jovens na madrugada de sexta-feira (15), no recinto da Exposição Agropecuária Industrial e Comercial (EAPIC), em São João da Boa Vista. Os agressores pensaram que ele e o filho de 18 anos fossem um casal gay, pois estavam abraçados.
O homem, que preferiu não se identificar, ainda está traumatizado. Ele contou que depois de um show um grupo de sete jovens se aproximou e perguntou se os dois eram gays.
Ele disse que explicou que eles eram pai e filho e, mesmo assim, houve um princípio de tumulto. Os rapazes foram embora, voltaram cinco minutos depois e começaram a agredir os dois. Um deles teria mordido a orelha do pai, decepando parte dela. “Eu lembro de ter tomado um soco no queixo e apagado. Quando eu comecei a acordar eu ouvi as pessoas dizendo que eu estava sem a orelha”, explicou.
Ambos foram levados para a santa casa, onde foram atendidos e liberados. O filho teve apenas ferimentos leves.
O delegado do 1º Distrito da Polícia Civil de São João Boa Vista, Fernando Zucarelli, disse que foi aberto um inquérito e que já está tentando identificar os possíveis autores. A homofobia, que é a aversão a homosexuais, ainda não consta como crime no código penal brasileiro, mas, além da agressão, os jovens também podem responder por discriminação.
A organização da EAPIC informou que havia 150 seguranças, além da Polícia Militar, durante toda a festa e que vai colaborar com a polícia para a identificação dos agressores.


Primeiro levaram os judeus,
Mas não falei, por não ser judeu.
Depois, perseguiram os comunistas,
Nada disse então, por não ser comunista,
Em seguida, castigaram os sindicalistas
Decidi não falar, porque não sou sindicalista.
Mais tarde, foi a vez dos católicos,
Também me calei, por ser protestante.
Então, um dia, vieram buscar-me.
Mas, por essa altura, já não restava nenhuma voz,
Que, em meu nome, se fizesse ouvir.


[Poema de Martin Niemoller]

Preconceito, discriminação e bullying, íntima relação.

2 comentários:

Rita Colaço disse...

Eu dei um abraço nele. Aí um grupo de seis ou sete caras chegou perto da gente e perguntou se a gente era gay. Respondi que não, que ele era meu filho, que a gente era pai e filho. Mas os meninos começaram a tirar sarro, zoar e dizer: "Vocês estão mentindo, vocês são gays sim, pode dar um beijo aí que a lei libera". Aí começou um empurra-empurra. A gente não queria confusão, sabe, então tentou sair de perto. Aí deu uns cinco minutos e senti uma pancada por trás, que pegou no meu queixo. [...] Eu e meu filho fomos agredidos. Eu nem me dei conta de que estava sem o pedaço da orelha quando recobrei os sentidos. Estava meio abobado, sabe? Só ouvia uma gritaria em volta de mim falando da orelha, da orelha. Sei que uma pessoa pegou o pedaço da minha orelha e colocou em um copo com gelo, para tentar salvar. Eu nem sabia o que estava acontecendo, nem queria saber de orelha, queria saber se meu filho estava bem, porque ele também foi agredido. Como a gente não tinha sido socorrido ainda, eu saí andando, meio sangrando, e encontrei um amigo meu que me levou até o pronto-socorro de São João da Boa Vista. O médico limpou, me deu uma injeção para a dor e me encaminhou para um cirurgião plástico. Na sexta, já de dia, fui ao cirurgião em São João e ele me encaminhou para o HC (Hospital das Clínicas), em São Paulo. Eu levei o pedaço da orelha, mas não deu para implantar. Volto lá amanhã (hoje) cedinho para ver o que vai ser feito. Cirurgia plástica eu já ouvi dos médicos que custa entre R$ 25 mil e R$ 35 mil e eu não tenho condições de fazer isso particular.
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20110720/not_imp747113,0.php

Rita Colaço disse...

s meses que a gente não se via. Mas agora nem saudade do filho a gente pode matar mais? Não em público, só em casa pelo jeito. E outra: eu não sou gay, meu filho não é gay, mas a gente não tem nada contra. E aí se a gente fosse? E quem é? Meu Deus, cada um faz o que acha melhor! Se a pessoa não tiver o direito de viver como ela acha que deve, o que a gente faz?
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20110720/not_imp747113,0.php