quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Projeto de poder dos evangélicos: a destruição do estado laico

Já algum tempo venho aqui chamando atenção para o projeto de poder dos evangélicos: a completa destruição do estado laico inerente ao regime republicano.

A concepção da "Igreja Estendida" visa justamente instrumentalizar este projeto.

Em linhas muito breves, a coisa se estrutura assim: 

Embora o cisma protestante desencadeado por Martinho Lutero tenha advogado a capacidade de todo cristão estabelecer diretamente sua conversação com o seu Deus e obter Dele a orientação espiritual necessitada - objetivando impedir a continuidade da comercialização e manipulação da fé, então praticada somente pelos padres católicos -, na atualidade a doutrinação neopentecostal afirma que são apenas os apóstolos, quer dizer, "os que atuam na liderança apostólica em um conjunto de igrejas" é que são dotados por Deus da prerrogativa de ouvir as Suas palavras - através do Espírito Santo:
Ao contrário do que algumas pessoas podem pensar, não é responsabilidade de todos os cristãos nem dos pastores da igreja ouvir diretamente o que o Espírito está dizendo às igrejas (plural). São os apóstolos aqueles que receberam a responsabilidade primeira de ouvir o que o Espírito está dizendo às igrejas. Aqueles que atuam na liderança apostólica em um conjunto de igrejas precisam ouvir o que o Espírito está dizendo às igrejas sob sua responsabilidade. Da mesma forma, aqueles que têm uma jurisdição mais horizontal precisam ouvir, de forma ainda mais abrangente, o que o Espírito está dizendo (WAGNER, 2007, p. 10) .

Temos, assim,  a clara reinstauração da pedagogia da hierarquia e da mediação, com a exclusividade da capacidade e do direito a ouvir e compreender (saber interpretar, saber ver e ler "os sinais") a palavra divina; aquilo que é o desejo, a "fala" do Deus, como ocorria antes do protesto de Calvino.

Reinstaura-se a convicção de que não são os pobres mortais capazes a ler a Bíblia e compreender os postulados do Deus cristão. Não. 

Agora, como antes - quando submetidos ao exclusivo domínio papal -, são apenas e exclusivamente as "lideranças apostólicas" (aquelas possuidoras da prerrogativa de conduzir diversas igrejas) que são capazes de saber ouvir e interpretar a palavra "proveniente do Espírito".

Mas, vejam que não é qualquer palavra do "Espírito". - é a palavra que diz respeito à maneira de condução das igrejas. Dito de outra forma, a palavra que explicita o projeto da igreja.

E o que é que diz "a palavra global proveninente do Espírito" para as igrejas evangélicas (neopentecostais)?


"Ela" diz "que a razão bíblica para a existência da igreja, em todas as suas formas, é buscar, de forma ousada, tomar posse da sociedade em que vivemos  (WAGNER, 2007, p. 10) .
 Ora, se a razão, o motivo, o sentido "bíblico" para a existência da igreja é tomar posse da sociedade, é preciso que se construa e implemente um projeto para a conquista dessa sociedade, para a instauração de um "governo da igreja" (WAGNER, 2007, p. 11) .

E como se fará essa conquista?

Precisamente através da noção de "Igreja Estendida".


Os escolhidos para receber a palavra do Deus
Por meio de imagens mentais místicas, que apontam para um capacidade especial, um dom especialíssimo de que estariam ungidos pela divindade, esses pastores dotados do poder de influência sobre diversas igrejas afirmam ter recebido do Deus uma incumbência, uma tarefa. 

E, por simples dever de obediência, passam a transmitir essa "nova tarefa que Deus me havia atribuído".

Empregando termos "do momento", oriundos das ciências sociais - com o que "ancoram" seus postulados no imaginários de seus fiéis -, entremeados com textos bíblicos selecionados e descontextualizados, falam da necessidade da "da renovação da mente"; da "mudança de paradigma"; "de sair de nossa zona de conforto"; de "perceber que que precisamos fazer alguns ajustes na forma de pensar que nos acompanha há muito tempo" (Idem, p. 13).

Porém, como em todo processo de inovação, "alguns indivíduos a adotam logo de início, outros a adotam no meio do caminho, e outros ainda demoram muito para adotá-la, mas há aqueles que são retardatários e se recusam a aceitar qualquer inovação" (Idem, idem).  - Com esse discurso transmitem a mensagem subliminar de que "os melhores", "os mais capazes" são precisamente aqueles que primeiro aderem às inovações. Portanto, seguem pavimentando suave e singelamente a sua pedagogia política.

"O espírito está dizendo às igrejas" [e não está dizendo para todos, mas apenas para os que foram ungidos como líderes] que é preciso "tomar posse da sociedade em que vivemos". Portanto, para cumprir esse projeto - ou missão, dever, incumbência divina -, precisam estender a igreja a todos os demais espaços sociais possíveis.


Todos os espaços são igreja
Nesse projeto - estender a igreja para além do templo privado (igreja nuclear) -, há que se conquistar todos os espaços onde se trabalhe. Assim, cabe a todos os "cristãos" participar desse projeto de conquista e lutar para transformar o seu local de trabalho em uma igreja, estendendo-a então a todos os espaços sociais; todos! Porque em todos eles é preciso ganhar almas para o projeto divino.

E, assim, vão construíndo grupos de estudos bíblicos, grupos de oração, seja em qual seja a instituição - preferencialmente pública! Como Repartições burocráticas, Universidades e, mesmo no Parlamento!

Por meio dessa estratégia, buscam pura e simplesmente a destruição do estado laico, quer dizer, fazer ruir a separação entre estado constitucional e religião. 

Buscam reintroduzir o estado religioso, tornando a religião estatal não a católica como foi no passado, mas precisamente a dogmática dita evangélica ou neopentecostal. 

No entanto, sempre utilizando do discurso místico, afirmam que o que buscam é a implantação do Reino de Deus.


O Reino do Deus é aqui
Mas de um Reino de Deus aqui e agora e não "algo que virá quando o Senhor retornar." (Idem, p. 15).
Postulam que o verdadeiro "Reino de Deus não está confinado nos muros de uma igreja local"."Não é simplesmente uma metáfora ou uma figura de linguagem; ele é tangível. [...] Deve ser encontrado onde quer que haja indivíduos exaltando Jesus Cristo como seu Rei." Mas não apenas. 

Por muito generoso, o Deus não quer e não se contenta em permanecer apenas entre aqueles que o exaltam. Ele que mais. 
O desejo de Deus é que os valores, as bênçãos e quea prosperidade do Reino de Deus permeiem todas as áreas da sociedade. (Idem, p. 15. Negritei.)
Daí o novo paradigma. Da anterior noção de que se devia buscar a salvação em um outro mundo, que viria depois, pois este é mau e pecaminoso, agora o postulado é  não se deve abandonar o mundo à ação desimpedida de Satanás. Não. Muito ao contrário. Há que se realizar a disputa contra Ele.

E para isso - para disputar as almas com Satanás, ganhando-as para o Deus - é preciso fazer com que a igreja não se restrinja apenas às paredes do templo (igreja nuclear); que não se contente com aquelas almas que ali foram "espontaneamente" (sabemos os variados e não poucos casos de sugestão, para dizer o mínimo, mas fiquemos por enquanto aqui com a ideia de que aqueles que vão aos templos o vazem de forma voluntária, consciente, em pleno gozo de suas faculdades discricionárias). é preciso buscá-las em toda parte. Inclusive e preponderantemente no ambiente de trabalho. Afinal, é precisamente ali onde se passa o maior número de horas por dia.

Vejamos agora, sempre nessas linhas muito gerais, o que diz Edir Macedo, o fundador da Igreja Universal do Reino de Deus.



O Plano de Poder
Em 2008 o dono da rede Record de Televisão publicou em co-autoria com Carlos Oliveira, diretor-presidente do jornal Hoje em Dia, de Minas Gerais, o livro “Plano de Poder – Deus e os cristãos e a política”, onde procura sensibilizar seus fiéis e simpatizantes para a proposta política de construção de um estado evangélico.

Em suas 128 páginas, Macedo e Oliveira empregam a mesma tática de outros autores neopentecostais - sobretudo estrangeiros, notadamente estadunidenses, como Charles Peter Wagner, acima citado: Se valer de campos do saber acadêmico (ou científico)  com vistas a transmitir um ar de racionalidade, coerênica, bom senso. 

Recorrendo a conceitos de administração e marketing e sempre selecionando descontextualizadamente trechos bíblicos que possam servir como fundamentação aos seus propósitos, Edir Macedo e Carlos Oliveira (não à toa um "cristão" graduado em administração de empresas) convocam os fiéis a deixarem de lado sua apatia e partirem para a disputa do estado, através da participação eleitoral:


É um projeto que se apropria do descrédito que paira sobre o parlamento, da parca cultura política e do ínfimo senso crítico da população majoritariamente pobre e mesmo sua parcela dotada de formação escolar superior - desprovidas de meios necessários à construção da capacidade crítica para além da manipulação da informação apresentada pelos grandes veículos de comunicação.



Ampliação no número de evangélicos
Sobre essa base fértil, segue avançando. Em 25 de maio de 2009 a Revista Época publicou edição de aniversário na qual trazia uma série de projeções para o país em 2020. - O maciço crescimento dos evangélicos estava entre elas. 

A entidade protestante de estudos teológicos Serviço de Evangelização para a América Latina, mais conhecida como Sepal, apontara que aproximadamente 50% da população poderia ser de evangélicos em 2020.

A matéria, transcrita no sítio diHITTI, trazia opiniões tranquilizadoras que hoje parecem não se sustentar:


A capacidade de exercer influência
Estimada hoje em quase **24% da população** [ver abaixo o índice do IBGE/FGV-2010: 20,2%], as disputas que vem sendo travadas, as formas orgânicas e coordenadas de atuação de seus "apóstolos" tem feito com que exerçam um poder que não corresponde ao tamanho numérico de suas bancadas.


Não à toa a Presidenta Dilma, a mulher de personalidade forte, caráter firme e determinado; técnica competente que sempre comparecia às reuniões com o Presidente Lula quando titular de um seu Ministério munida de todas as informações, dados, estatísticas etc sobre os assuntos da pauta, em maio desse ano de 2011, deixou-se aprisionar numa vexatória trama obscurantista e, sem buscar informações fidedignas com os seus ministros e demais assessores, encenou talvez o seu mais humilhante e patético papel político-institucional, ao anunciar para jornalistas que, sem sequer conhecê-lo integralmente, determinara o recolhimento do material audiovisual em elaboração destinado ao Programa Escola Sem Homofobia.




Que país queremos?
A pergunta que se coloca é como os setores progressistas e defensores dos valores democráticos e republicanos pretendem fazer frente a esse projeto de poder que está claramente em andamento.

No último dia23, terça-feira, a Procuradora do município de São Paulo em Brasília defendeu no artigo Escolha eleitoral deve considerar secularismo do Estado, publicado no Consultor Jurídico, que, no regime republicano e secular, 
Já é um bom sinal! 



População religiosa no Brasil, segundo IBGE 2010 e FGV
(Trecho acrescentado em 19/11/2011)

Distribuição percentual da população residente, por religião – Brasil – 1991/2000

Religiões 1991 (%) 2000 (%)
Católica apostólica romana 83,0 73,6
Evangélicas 9,0 15,4
Espíritas 1,1 1,3
Umbanda e Candomblé 0,4 0,3
Outras religiosidades 1,4 1,8
Sem religião 4,7 7,4
Fonte: IBGE, Censos Demográficos 1991/2000.


Segundo a Fundação Getúlio Vargas em seu "Novo Mapa das Religiões", 2011, a religiosidade é menor em ambos os extremos da escolarização - 7,27% entre os com até 3 anos de instrução escolar; e 7,46% entre aqueles com 12 ou mais anos de escolaridade. Para os que possuem até 7 anos de estudo, 69,83% são evangélicos e 13,63% formados por Evangélicos pentecostais. Dentre os com 12 ou mais anos de escolarização, 8,62% são evangélicos; 6,70% pentecostais; 6,40% "espiritualista"; 4,19% "outras"; 66,90% católicos. Do universo populacional com mestrado ou doutorado, 17,40% se declararam sem religião; 60,81% são católicos; 5,01$ são pentecostais; 5,63% evangélicos; 6,96% "espiritualista"; 4,19% "Outras agregadas".

Também segundo o estudo, ao mesmo tempo em que se observa o crescimento das religiões evangélicas lato senso, verifica-se o decréscimo no número de católicos. Também é observado o crescimento no número de indivíduos que responderam  não professar nenhuma religião.
Ao contrário do divulgado em estimativas de outras fontes, a FGV afirma que a população de evangélicos lato senso é de 20,2%. Já os "sem religião" em 2009 eram da ordem de 6,72%.

 Da população religiosa, as mulheres são as que mais frequentam os cultos (93%) comparativamente aos homens (85%). O que se repete entre as pessoas com mais idade: 91% das pessoas religiosas acima de 50 anos frequentam os cultos, comparado com 83% das entre 15 e 24 anos.

Embora sejam do Rio de Janeiro personagens como o Senador Crivella, o deputado Garotinho, os pastores Silas Malafaia e R. R. Rodrigues - tradicionais religiosos que dedicam a vida a impedir que a população LGBT veja implementada a norma constitucional que impede discriminação e preconceito e conquiste a  isonomia dos direitos civis -, o nosso estado é o segundo menos religioso.

O Rio de Janeiro ostenta uma significativa parcela de 15,95% de pessoas sem religião, ultrapassado apenas por Roraima, com 19,39%. Somente 49,83% se dizem católicas. 14,18% são evangélicos pentecostais e 10,66% são formadas por evangélicas de todas as demais denominações. A periferia fluminense é a menos religiosa de todas as periferias nacionais: 23,68% não professam nenhuma religião. Veja o estudo integral aqui.

Referência:
WAGNER, C. Peter. Os cristãos no ambiente de trabalho. Como o povo de Deus pode transformar a sociedade. São Paulo: Ed. Vida, 2007. - O autor é "professor de Crescimento da Igreja no Fuller Theological Seminary School of World Mission, Pasadena, EUA, por 28 anos."
http://www.fgv.br/cps/religiao/
http://www.ibge.gov.br/7a12/conhecer_brasil/default.php?id_tema_menu=2&id_tema_submenu=5

8 comentários:

Anônimo disse...

Embora eu conheça evangélicos muito gente fina, despreconceituosos, tolerântes, mente aberta mesmo. Realmente eu receio o que possa vir a acontecer para pessoas "diferentes" numa teocracia dessas. Tive que lutar muito para vencer o medo de viver, não quero voltar a ter medo nunca mais.

D disse...

Olha... esta igreja acaba comigo... Sério... Parece que são fortes demais e não há o que fazer!!!

Ler blogs como este meu dão até uma esperança no futuro.

Parabéns.

CMarchi Advogados Associados disse...

Primeiramente, o conceitode "Estado Laico" não está bem delinedo. Significa Estado sem religião definida. É oposto à "Estado Ateu", pois no estado laico a liberdade e a diversidade religiosa são asseguradas.Então, eles mesmos não podem querer destruir a liberdade que tem de pensar do jeito que pensam. Segundo, não há como mudar a laicidade em
nossa atual constituição. É como querer a pena de morte. Defendem sem base legal. Impossível uma lei ordinária mudar claúsula pétrea. Então, todo este alarde é infundado e sem conhecimento de causa de ambos os lados.

Cláudio disse...

Fico pensando se o Lula ajudou com isso naquele acordo com o Papa. Desrespeito puro ao Estado Laico mesmo.

Rita Colaço disse...

"CMarchi Advogados Associados" parece desconsiderar que, a uma, vivemos em um país de baixa adesão à observância universal das normas e, a duas, o princípio da laicidade jamais foi efetivado em nossa república.
No momento atual observam-se ações, seja por parte da Igreja Católica, seja, sobretudo e mais ostensivamente, por parte do movimento neopentecostal, no sentido de minar as parcas separações conquistadas.

"Infundado e sem conhecimento de causa" é querer ler as disputas travadas cotidianamente no campo simbólico como inexistentes, dado que existe uma "cláusula pétrea".

A propósito, pena de morte, embora vedada em "cláusula pétrea", é diuturnamente praticada em nosso país.

O real é algo mais do que a visão meramente dogmática-legalista.

Rita Colaço disse...

Cláudio, concordo com você. O ato de Lula ao assinar aquele acordo com o Vaticano e, por exemplo, o governador do RJ ao sancionar a lei que obriga cada escola pública a possuir exemplar da Bíblia atentam contra o princípio da laicidade - porque misturam estado com religião -, por um lado e, por outro, da liberdade de culto - porque privilegiam uma religião em detrimento das demais.

Sugiro, aqui mesmo: http://comerdematula.blogspot.com/2011/08/moral-religiosa-nao-e-e-nao-pode-ser.html

http://comerdematula.blogspot.com/2011/08/em-defesa-do-estado-laico-democratico.html

Rita Colaço disse...

Giuliana, você tem razão ao nuançar. Há, sim, algumas denominações religiosas que, embora de matriz cristã ou "evangélica", não compactua desse projeto - ver por exemplo a Igreja Betel, o pastor Ricardo gondim...

Como no contexto da ditadura, houve um embate entre os setores progressistas, comprometidos com os valores sociais e aqueles obscurantistas, preocupados em apoiar e auxiliar as práticas da didatura - ver http://comerdematula.blogspot.com/2011/09/evangelicos-e-ditadura-as-consequencias.html

Anônimo disse...

Bom gostaria de colocar a minha página "Quero um estado laico na prática"http://www.facebook.com/pages/Quero-um-estado-Laico-na-pr%C3%A1tica/165762896847688

"Acho um absurdo o estado querer impor valores as pessoas isso não é dever do estado, cada um faz seu valor da maneira que bem entender. Se eu quero casar com outro homem é uma questão pessoal minhas, se eu e meu parceiro quisermos adotar uma criança se a gente tiver condições para isso é o dever do estado permitir isso, se eu quiser casar com 3 mulheres e minhas 3 mulheres quiserem se casar cada um com 5 homens é uma questão particular que diz respeito apenas esse grupo familiar, se minha esposa engravidar e a minha família não suportar mais uma boca para alimentar, sendo que essa boca seria mais uma despesa que no final das contas todos passariam fome é um direito que minha esposa teria para não ter essa criança. Se um filho meu está com uma doença degenerativa numa UTI de hospital com cujo o diagnostico clinico irreversível acho uma crueldade manter ele vivo em pleno sofrimento só porque a religião acha que só deus tem o direito de tirar a vida dele, isso teriam que ser uma decisão minha. Se eu quiser tirar minha vida e um direito meu o estado não tem que interferir na decisão de tirar a minha vida, uma vez que é uma decisão que cabe só a mim. Vai falar de deus para um pai que perdeu as pessoas que mais amava num acidente de carro, vai dizer que ele não pode tirar a própria vida porque só deus tem esse direito.Agora só porque uma religião não acha "moral" determinada coisa, não posso viver a minha via como bem entendo. É uma arbitrariedade e autoritarismo do estado querer impor a maneira como devo viver"