sexta-feira, 3 de abril de 2015

A Teoria dos Jogos da Vida (Análise Transacional) em Ação

...Ou Suprassumo da projeção 

Na atualidade todos nós já deveríamos saber o quanto o mundo da virtualidade, com a sua imediatez e nossa negligência acerca de sua extremada publicidade, tem nos levado a presenciar e protagonizar situações que põem em risco nossas imagens profissionais e públicas. Mas não. Parece que há ainda um grande contingente de nós ainda não tem atentado para esses aspectos. E seguimos exibindo irrefletidamente (e em ocasiões inclusive com grande orgulho) nossas ignorâncias, preconceitos recônditos, pouca formação crítica, profissional, nenhum cultivo de autocrítica... 

Diante da grande permanência dessa realidade de nossa conduta no mundo virtual - mundo no qual cada vez mais interagimos - trago aqui, para tantas pessoas quantas gostem de análise, autoanálise e autoconhecimento, um relato de discussão havida nesse ambiente. Penso desnecessário frisar que todo relato é um relato e não "o" relato.

O cara, profissional e clínico em psicologia, em perfil público (onde se apresenta enquanto tal) no FB, faz uma brincadeira. Diz que quer casar, só pra ter a quem infernizar nas madrugadas, já que a sua tv por assinatura não funciona. Um seu amigo responde se pode se candidatar. Ele responde que "só se for agora". E que ainda aproveitariam para "xingar a Dilma". 

Outro amigo dele comenta, antecedendo a sua participação com um "kkkk", que, por favor, "não venham como classe média odiosa que xinga dilma, pois isso é mesquinhez conservadora." 

O cara retruca que isso (xingar a Dilma) "já é quase um esporte." 

Eu entro na conversa com um comentário: 

"Por que será que diverte tanto essas classes medianas urbanas xingar Dilma e tão odiosamente? O que ela fez/faz de não insuportavelmente diferente de todos os presidentes desde Collor?" 

Uma amiga dele comenta: "Vixe Rita acordei pensando nisso!" 

E outro: "Provavelmente pelo mesmo motivo que diverte aqueles que se denominam de esquerda xingar os "ícones" capitalistas, urbanos e medianos. Hahahahahaha Enfim: é proibido proibir." 

O cara, que além de psicólogo clínico, é também educador, professor universitário, liderança LGBT de partido político que se diz de esquerda, então me responde: 

 "Vcs podem Xingar a PIG, o Aécio e a gente nem brincando pode xingar a Dilma? Quer saber? Me economiza, de xiita estou saturado. Estou sempre com bom humor e tolerância ao diálogo para receber críticas neste tom. Mais luz e alegria nessa vida. Rita Colaço se vc N notou que era uma piada, sinceramente Busque ajuda profissional." 

Eu respondo ao amigo dele: "o meu espanto é em razão do tipo de xingamento que é desferido à ela, que é bastante singular." 

E, à ele: "alguma vez você me viu xingar alguém, desqualificar em sua pessoa? Já me viu xingar "a PIG, o Aecio"? Já me viu com postura xiita? - Penso, sinceramente, ao ler seu texto, que você tá fazendo uma baita transferência. me espanta um profissional de sua especialidade escrever que piadas são apenas "piadas" (????) qualquer que seja o seu conteúdo. E que quando alguém resolve questionar o por que de determinadas classes médias urbanas adotarem uma postura de crítica pela crítica, desprovida de algum argumento objetivo, recebe em resposta que está sendo xiita, para "economizar" (?!) aquele a quem foi dirigida a pergunta aberta; e que, por fazer tal questionamento, significaria que está desprovida de "luz e alegria", a precisar de tratamento profissional. 

Nossa, prezado, como nessa sua pequena intervenção você revelou toda a sua subjetividade, sem máscara. - Parabéns! (Nem precisarei pontuar o machista desvelado na contumácia de se buscar desqualificar críticas vindas de mulher com argumentos de que ela estaria infeliz, desequilibrada emocionalmente.) Verdadeiramente estou surpreendida - não imaginava você capaz desse tipo de reação. Mas, fazer o que, né? , somos seres históricos. 

Ao que ele, fingindo ignorar que eu estou a criticar a forma e o conteúdo de sua reação para comigo e não mais aquilo que ele e todos os que pensam semelhante a ele tem dito e replicado a respeito da Dilma, escreve: 

"quando vc efetivamente ler eu desqualificando nossa presidenta por ser mulher gostaria que falasse comigo. Agora eu me reservo no direito de não aceditar na inocencia dela e me surpreendo em ver vc, mulher tão inteligente, agir com tamanha empáfia. Lástimavel. Mas enfim, somos sujeitos históricos. Sobre piada, jamais faço ou farei piadas antilocutórias [sic] contra minorias, mas o PT está longe de ser uma minoria fragilizada."

Nesse ponto, ele decide levar a discussão também para o meu WhatsApp, onde eu escrevo pedindo que ele PARE, simplesmente PARE, pelo menos em consideração à posição pública que ocupa. Mas ele prefere prosseguir e, no FB, dispara, dando início à sua tática de, quando contraditado, chamar amigos para que endossem o seu ponto de vista:

 "Fulano [que nada tinha a ver com a conversa] é meu amigo pessoal, e a piada consiste justamente que jamais perderiamos nosso tempo, falando qualquer coisa da presidenta, mas somos de partidos que se opoe ao governo instalado e fiz um gracejo. Da próxima vez sugiro abrir um inbox e se informar melhor antes de fazer uma redação, sem sentido e sem razão." 

O amigo chamado pseudo equivocadamente, entra para fazer o papel desejado por quem o chamou: - Aderir e reforçar a tese do profissional psi: 

"Sou de oposição sim. E pode ser no meu partido ou no do próximo, estando errado não irei defender. Vou pra cima e irei cobrar por porteiras ideais daqui, da rua, ou onde for ... Acredito que o termo usado pelo Beltrano, não quis desqualificar ou diminuir a presidente de forma alguma. Até mesmo por que quem mais nos diminui, nos falta com respeito e joga pra cima da gente uma massa de mentiras, uma atrás da outra é a tão " querida " presidente." 

O Amigo, muito possivelmente de boa-fé, no afã de "socorrer" o amigo (talvez mesmo atendendo a seu convite em privado, como e profissional costuma fazer com elementos de sua rede - comigo já o vez incontáveis vezes), parece não se dar conta de que a minha réplica foi em função do tipo, termos e tom da resposta que o Psi me endereçou.

O Psicólogo Clínico, então, diz que não tem nada contra a Dilma, a não ser "achar ela péssima gestora e conivente". 

- Aqui abro um novo parêntesis para registrar que comentários e socialização de acusações à figura de Dilma por parte dele tem sido contumazes, tendo eu em algumas ocasiões solicitado que ele apontasse, objetivamente, onde Dilma havia dado mostras de que tinha conhecimento da espantosa rede de corrupção na Petrobras. Ele não me respondeu. Nunca. Limitou-se a seguir com a sua irresponsável (do ponto de vista do lugar e da posição de sua fala) campanha de difamação da presidenta. 

Eu já sem paciência, tento mais uma vez que ele atente para o ridículo de suas reações vis a vis o seu lugar de fala: "Volto a dizer pra você reler o que você escreveu, o que eu escrevi, a sua reação e a reação do Amigo1. Isso para não falar na da Amiga. - Realmente, fazer esse carnaval todo que você está fazendo e ainda vir pro privado alimentar esse seu rame-rame, por favor, por respeito a você, à sua imagem pública de profissional e ativista, pare agora!" 

O Psicólogo Clínico decide continuar: "fui pro privado porque detesto barraco. Mas pelo visto... Vc já percebeu com quantas pessoas arruma confusão rita? Preste atenção." 

Um amigo dele, percebendo o ridículo, comenta (quem sabe em resposta à algum de seus costumeiros "pedidos de socorro" em pvt): "A pessoa posta no facebook ... Eu disse FACEBOOK, rede social, página pública, post público ... E reclama de comentários de outras pessoas por formar um diálogo próprio !? HAUGHAUSHAUSHA" 

Eu, taurina de pés e mãos, frente e verso, respondo ao Psi: "até onde você pretende ir com isso? O que você, que se diz ativista, político, psicanalista, chama de "arrumar confusão" (sic), eu chamo de discutir e, invariavelmente, QUESTOES POLITICAS. - Cada vez você mais se desnuda. Se não quer que pessoas de sua rede comentem em seus posts, faca-os apenas dirigido às pessoas que lhe interessa e tire o seu perfil do modo "público".ou LIMITE-SE A PUBLICAR EM UM GRUPINHO PVT. E pare de me enviar mensagens sobre esse assunto para O MEU WHATSAPP. Se não lembra o que escreveu, RELEIA!" 

E recebo a resposta: "Não sou machista, tenho uma luta profunda contra toda forma de preconceito, ontem estava na rua brigando contra lesbofobia e vc? Ou converse feito uma senhora educada ou me poupe Rita Colaço." 

Não satisfeito, o Psicólogo Clínico retoma a sua práxis de buscar apoiamentos quando contraditado: 

"Veja o Amigo Z [aquele que antecedeu a sua intervenção por "kkkk"] como deu a opinião dele e foi extremamente educado e civilizado." 

"[Amigo nomeado supostamente por equívoco] vc ao menos entendeu do que esta que SE DIZ ATIVISTA está reclamando? 

A amiga que havia dito que havia pensado o mesmo que eu, comenta: "Não vi nenhum desrespeito! Concordei com a Rita no quesito "toda a culpa no pt". Sou suspeita pq batalhei muito pelos ideais petistas. Não só estudei um pouco de História como vivi a História pré e pós ditadura aff! pq tenho mais de meio século kkkk Se eu pudesse colocaria um pessoal do pt numa sala sozinhos comigo e os chamaria à razão como uma boa avó. Iam chorar e muito!" 

O Psicólogo Clínico, usando a tática de confundir através da menção de argumentos que não foram trazidos à discussão e vestir-se do personagem O Incompreendido, então, escreve: 

"Onde eu escrevi que tudo é culpa do PT? Não sou nenhum alienado, vcs me tiram por um boçal. Que vergonha de vcs.. Um conselho? Me bloqueiem." 

A sua amiga, sem refletir nem perceber o jogo, cai na armadilha e dispara: "Não disse não! nunca falei isso! Eu disse que concordava com ela nesse quesito! Não disse que vc disse ! aff" 

Está armado o circo de confusão desejado, com a grande maioria já sem saber exatamente em qual ponto preciso está a controvérsia, surpresa ante tamanho imbróglio, possivelmente solidária ante o papel de vítima representado pelo Psicólogo Clínico. Ele, porém, já tendo conseguido o seu objetivo, agora deita-se sobre os louros da presumida vitória em seu estilo confundir & fazer-se-de-vítima: 

"Tudo que fiz foi marcar um encontro com meu amigo, que é do PSDB e tirar um sarro que iriamos falar mal da Dilma, o resto não sei de onde surgiu. Mas me envergonha que vcs me conheçam tão pouco assim." 

A amiga, que ainda segue sem compreender exatamente qual é o jogo e qual o ponto da controvérsia, responde: "To fora desse vcs! "O que ela fez/faz de não insuportavelmente diferente de todos os presidentes desde Collor?" Foi com essa frase que concordei!!!!!!!!!!!!!!!" 

Eu, que sou daquelas que peço, repito e insisto para que parem e repensem sobre os termos de suas falas/afirmações mas, diante da insistência, não sou clemente, respondo: "Kkkkk Como a desqualificação não funcionou, entrou agora na fase do vitimismo.... kkkk tosco, muito tosco. Ah, não sou responsável pela IMAGEM que fazem de mim à minha revelia! - Eu assinei declaração de conformidade com firma reconhecida por semelhança? Kkkkkkk Então, cortarei os meus pulsos por você ter quebrado a imagem que VOCÊ fez de mim. Não suportarei viver com essa culpa!" 

Um amigo comum (aquele que iniciou sua participação com o "kkkk"), intercede, apaziguador. Ninguém escreve nada mais. Eu suponho que o circo tenha terminado a sua função. Não estou disposta a ser didática sobre os jogos sociais que um Psicólogo Clínico costuma empregar em suas interações. Afinal, ELE É O PSICÓLOGO CLÍNICO e, além do mais, foi ele quem me mandou procurar "ajuda profissional"... Enganei-me totalmente, porém. 

Hoje ao entrar na internet me deparo com mais uma pérola do Psicólogo: "Quem consegue brigar ou ser grosseiro com amigos pelo facebook, deveria fechar na hora e ligar para um psicanalista. O contraditório é salutar e nos faz pensar, crescer e nos torna melhores." 

Eu, agora totalmente disposta a tirar sarro de todo o ridículo da situação por ele criada, respondo:

"Que bom que caiu em si e repensou tudo o que escreveu ontem! Parabéns. Tô orgulhosa de você! Bom feriado."

Agora ele é quem "não tem senso de humor". Esquecido, eu lhe recordo o que ele me escreveu: "Estou sempre com bom humor e tolerância ao diálogo para receber críticas neste tom. Mais luz e alegria nessa vida. se vc N notou que era uma piada, sinceramente Busque ajuda profissional

Realmente, projeção maior não há!

Atualizado às 16h10.

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