Após minha declaração de apoio à deputada estadual Myrian Rios à sua decisão de entrar na campanha contra violência e ameaças na internet, noticiada aqui na postagem anterior, me vi envolvida numa "conversa" entre diversxs TwTs que se mostraram desconfiados e descrentes com relação ao alcance e a lisura dessa decisão da deputada.
Reconheço a justeza da motivação de todxs que se manifestaram nesse sentido. Afinal, como diz o ditado popular, "gato escaldado, tem medo da água fria".
Eu, pessoal e individualmente (embora tenha utilizado o magestático "nós" ao expressar meu apoio à deputada) prefiro confiar na sinceridade de sua iniciativa, em respeito ao princípio do "in dubio, pro reo". Tambem em observância ao princípio cristão - "não faças ao outro o que não desejas façam a ti".
Não tenho nenhuma pretensão de que ela ou ninguem se retrate do jeito que eu gostaria que se retratasse. - Tenho me esforçado sinceramente no sentido de assimilar definitivamente, para além do racional, a aceitação dos limites de cada um, inclusive os meus.
Que fique bastante claro: não tenho nenhuma pretensão - tampouco é disso que se trata - que a deputada abandone as suas convicções religiosas. Uma coisa nada tem a ver com a outra.
Fé não se discute. O que se discute - combato e seguirei combatendo! - é a tentativa de projeção de uma determinada fé sobre os direitos fundamentais de outrem.
O fato de alguem possuir o entendimento de que Jesus Cristo - e não a Bíblia, pois esta é simples produção humana, alvo de manipulações e disputas por parte de diversas religiões -, contrariando sua filosofia de profunda e irrestrita fraternidade "condenaria" as expressões do desejo afetivossexual entre pessoas do mesmo sexo é algo que EU discordo.
Entretanto, RESPEITO quem pense de outra maneira.
Cada um tem o direito de crer no que quiser e do jeito que quiser, DESDE QUE, sob o argumento dessa sua crença - que é algo da ordem do privado, pessoal, íntimo - NÃO QUEIRA IMPEDIR OUTRAS PESSOAS DE EXERCEREM e CONSEGUIREM VER OS SEUS DIREITOS RESPEITADOS.
Querem crer que a "Bíblia" (qual Bíblia? Segundo qual religião? Traduzida na conformidade com o poderio religioso de qual credo, de qual país, em qual época?) "condena"? - Problema nenhum. Outra vez: DESDE QUE não se use esse entendimento particular, um entre tantos, para cercear o direito à dignidade e à isonomia de outras pessoas.
A deputada Myrian Rios pode livremente seguir entendendo que o afeto e o desejo homoerótico, a travestilidade e a transgeneridade, sejam sentimentos, práticas e identidades "erradas" aos seus olhos e aos da SUA religião. DESDE QUE não busque impedir essas pessoas de terem o seu inalienável direito à dignidade respeitado; a se tornarem cidadãos e cidadãs com os mesmos direitos que xs heterossexuais .
Entretanto, se AQUI e AGORA, pontualmente na questão da pedofilia, dos insultos e das ameaças de morte que vem sendo praticados na internet, independemente se os alvos são hetero ou homossexuais, a deputada estadual Myrian Rios deseja colocarar o seu mandato popular à serviço da luta contra tais práticas, eu lhe dou todo o apoio.
Caso amanhã, por ocasião da discussão de alguma proposta legislativa, a deputada vier a se manifestar CONTRA A ISONOMIA DE DIREITOS ENTRE HOMO E HETEROSSEXUAIS, aí, outra vez, entraremos em rota de colisão.
Simples assim.
Agradeço a gentileza do Bule Voador em socializar o vídeo com a
fala do Roberto Carlos no Programa do Jô a respeito do casamento entre pessoas do mesmo sexo.
http://bulevoador.haaan.com/
Agradeço a gentileza do Bule Voador em socializar o vídeo com a
fala do Roberto Carlos no Programa do Jô a respeito do casamento entre pessoas do mesmo sexo.
http://bulevoador.haaan.com/
2 comentários:
Eu não aceitaria apoio do Bolsonaro nem que ele pedisse perdão aos céus pelo que falou. Corja é sempre corja. Ela pode ter pedido desculpas, mas alguma dúvida de que foi só pra não ser processada e por pressão de seu partido?
Ela continua a apoiar projetos preconceituosos e criminosos. Ela continua sendo a mesma canalha.
Estamos esperando até agora que ela responda a sua pergunta, Rita. E ao que parece, não vai fazer isso. Nestes tempos é preciso ter cuidado com quem se chama de aliada.
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