quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Ativistas a serviço de Malafaia?

Marília Gabriela entrevistou Silas Malafaia.

Até o pó do Cais da Imperatriz sabe o quanto  esse senhor se aproveita de sua titulação como bacharel em psicologia (?) para dar ares de "verdade científica" às suas invectivas obsedadas em obstaculizar a conquista do reconhecimento sociojuridico pela população LGBT.

Desconheço as injunções de mercado que acaso determinaram uma apresentadora da posição de Marília Gabriela exercer a função de alavancar ainda mais à visibilidade as concepções desse senhor.

Não se vê na televisão jornalistas e apresentadores se dedicarem a ouvir quem desqualifique negros, nordestinos, macumbeiros, candomblecistas, judeus, mulheres - segmentos tradicionalmente tão desqualificados quanto, mas ao abrigo de processos discriminatórios, como preconiza a Constituição.

Mas usualmente os vemos se utilizarem de homossexuais, travestis e transexuais para alavancar sua audiência. Travestis, transexuais, lésbicas e gays ainda são, aos olhos de nosso Congresso e de muitos de nossos jornalistas e "humoristas" uma boa e útil "Geni" - aquela da música na qual Chico buscou denunciar os mecanismos hipócritas vigentes em nossa cultura em relação à sexualidade.

Nenhum serviço ao bom debate fez Marília Gabriela. Em nada contribuiu para o esclarecimento da população.

Ao contrário. Serviu de escada ao projeto de poder desse senhor e do seu segmento.

A cada dia que passa mais vemos avançar o totalitarismo, a intolerância, o obscurantismo em nosso país.

Parece que estamos a vivenciar o "lado sombra" das décadas de 1960 e 1970, em termos culturais.

Hoje, o blog do Maurício Stycer trouxe um dado capaz de elucidar semelhante pauta:

(No domingo dia 27 de janeiro, o Fantástico explora a inocência política de Lea T; no domingo dia 03, é a vez de o SBT, via Marília, entrevistar Malafaia).

Não sei qual foi o Ibope que deu a entrevista com Lea T. Mas o tema do reconhecimento sociojurídico das pessoas travestis, transexuais e homossexuais vem, de há muito, sendo usado para alavancar lucros pela via da audiência , sensacionalista, desrespeitosa, fomentadora da intolerância e do ódio.

Jamais para o adequado esclarecimento do público - uma das funções das concessões de serviço públicio que são as transmissões de rádio e televisão.

O pior, é assistir grandes nomes do ativismo LGBT dedicar o seu tempo, não a refletir mecanismos de construção de uma frente ampla pela democracia e pelo secularismo.

Mas, sim, a engolindo a isca de Malafaia, mais se antagonizarem em torno de falsas questões.

Não interessam a essas populações as teorias culturalistas ou geneticistas, caso não cuidem de explicar tanto a homo quanto a heterossexualidade.

Enquanto se voltam a investigar exclusivamente a homo e a transexualidade, apenas reforçam o aspecto normativo da heterossexualidade.

E os ativistas, enquanto engolem a isca e reinstalam o dissenso interno, mantém-se fora do foco.

Mantém-se atrelados em debates inócuos e antagonizantes. Ao invés de inauguraram o tempo das concertaçoes proativas.

Tanto Marília Gabriela quanto os nossos melhores ativistas parecem não se dar conta, mas estão, tanto uma como outros, fazendo precisamente aquilo que é útil ao projeto de poder tanto de Malafaia quanto de seu bloco teocrata.

Marília Gabriela está submetida a um contrato; tem patrão. O blogo hegemônico - os  ativistas LGBT petistas -, também: - O acordo infame do Partido com a escória da política brasileira.

Os ativistas autônomos, independentes, críticos, cônscios, não.

- Até quando vão se permitir o consumo de seu tempo e intelecto a discutir o que não seja ações políticas cooedenadas e estratégicas?

(Atualizado 17h23)

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