Quem acompanha as postagens deste blog sabe que desde 2009 tenho me ocupado da questão da moradia para velhos e velhas LGBTs. Tenho trazido experiências tanto no Brasil (para a população de idosos em geral) quanto no exterior (especificamente para a população LGBT. Uma dessas é o projeto "Cidade Madura", implantado em 2015 pelo governo da Paraíba e que hoje já conta com quatro condomínios, em várias cidades do estado (ver aqui e aqui).
No contexto atual, com os cortes na política de habitação social e a mudança ideológica implantada pelo atual governo, de destruir ou reduzir à inviabilidade as políticas e projetos sociais implantados, notadamente as parcas destinadas para a população LGBT, que exibe índices elevados de vulnerabilidade social
Você moraria num pequeno condomínio de cacuras LGBTs no sudeste do país, numa região praiana, sossegada, a apenas algumas horas de um grande centro urbano, plana, com praias não poluídas e ciclovias?
Se sua resposta foi sim, você se sentiria bem morando numa
Unidade habitacional tipo Studio (menos de 25 m2), onde existe lavanderia, cozinha ( embora o studio permita que você cozinhe) e espaço de lazer / interação / jogos coletivos?
E que esse condomínio possuísse algumas unidades destinadas a hospedagem transitória (turistas)?
Deixe a sua resposta, acrescida de seus comentários. Sua opinião é muito importante.
Esclarecimento: a palavra *cacura* vem de Cacurucaia, termo de origem africana, muito utilizado no ambiente dos cultos afrobrasileiros. Também falada e grafada cacarucai e cacarucaia, significa pessoa velha (ou idosa); a terminação em "i" para o masculino e a terminação em "ia", para o feminino. Trata-se de termo integrante do dialeto Bajubá (também referido Pajubá), criado pelos homossexuais, notadamente bichas, viados e travestis frequentadores das casas de culto afrobrasileiro, a partir de termos originários de diversos idiomas africanos (iorubá, banto, nagô etc.), amplamente empregados pelos adeptos desses cultos e enriquecido com gírias em português. Trata-se de elemento de autoproteção e resistência, por funcionar como dialeto apenas conhecido pelos integrantes da subcultura específica, no caso a "homossexual".
De forma semelhante à sociedade ampliada, também na subcultura LGBT existe o preconceito e a discriminação contra as pessoas velhas. Empregar aqui um termo investido de estigma para referir pessoas LGBT idosas (acima de cinquenta anos, pois para esse segmento, notadamente para as pessoas travestis e transexuais, a velhice ocorre muito mais cedo do que para a população heterossexual), portanto, é uma ação política que visa precisamente esvaziá-lo dessa noção desqualificada.
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