quinta-feira, 23 de julho de 2015

Paes esbanja em placas de sinalização, mas patrimônio histórico está abandonado

Eu havia visto a matéria exibida pelo Jornal da Band, com ancoragem do Ricardo Boechat, dando conta da péssima qualidade dos textos informativos constantes das placas de sinalização instaladas para as Olimpíadas de 2016 e sobre o absurdo do preço cobrado por cada uma delas: 27 MIL REAIS.

O jornal carioca O Dia também pautou o assunto, no dia seis do mês passado:

Rio - Você faz ideia de quanto custa cada placa de sinalização para pedestres? No Rio, o preço de cada uma se compara ao de um carro popular zerinho: R$ 27,4 mil. Até o fim do ano, serão espalhadas 500 delas pela cidade — ao todo, serão investidos R$ 13,7 milhões no projeto de instalação dessas placas, que ajudam a preparar a cidade para os turistas que vêm para os Jogos Olímpicos de 2016. (Ver abaixo o link para a matéria).

É um total absurdo um agente público contratar este serviço por semelhante preço, mesmo que nele estejam incluídas as despesas com a instalação das placas. Ainda bem não nos recuperamos da orgia praticada nas obras para a Copa das Empreiteiras e segue a Bacanal de Herodes dilapidando os recursos auferidos através dos tributos escorchantes pagos por toda a população.

A Prefeitura do Rio de Janeiro, a Cidade Maravilhosa que está a completar 450 anos de fundada neste ano de 2015, não tem dinheiro para contratar mais Guardas Municipais, afim de garantir a sua função precípua, que é a de guardar o patrimônio público, embora sempre tenha demonstrado excesso de efetivo e determinação para caçar camelôs e população em situação de rua, em suas operações eloquentemente denominadas de "Cata-Tralha" — sim, porque para certos integrantes do poder público, o pouco que essa gente ainda tem é apenas e tão somente "tralha".

O Patrimônio Histórico existente na Cidade encontra-se em total e criminoso estado de abandono. Não é algo pontual e episódico: — Em todos os bairros há relatos de descalabro com bens tombados e processo intenso de gentrificação, sempre em benefício de empreiteiras, incorporadoras, do mercado imobiliário enfim, e em detrimento da população mais pobre e do patrimônio histórico e cultural. Eu tenho sistematicamente denunciado o desmonte do Passeio Público e os bens históricos e artísticos ali existentes.

Foto: Paulo Nascimento
Foto: Sheila Castello, 11/2014
Situação semelhante pode ser encontrada no Campo de Santana, no monumento ao General Osório (na Praça XV), que teve furtado todo o gradil e as "balas" (três em cada canto do conjunto escultórico) feitas com o chumbo dos canhões da Guerra do Paraguai. Segundo um atento observador, esta "é uma das estátuas mais depredadas da cidade, com o roubo do bronze das grades, das balas dos canhões e das inscrições. Até a porta de entrada levaram."


Importantes espaços histórico-culturais da cidade encontram-se fechados - como o Museu da Cidade, Museu Casa de Laura Alvim, Museu Carmen Miranda...

Ou seja: a administração do senhor Eduardo Paes tem deliberadamente direcionado recursos, de forma pelo menos bastante suspeita e questionável (dada a correlação custo x produto x resultados para a população) para os mega eventos (Copa do Mundo de Futebol e Olimpíadas), enquanto deixa ao completo abandono o Patrimônio Histórico, a limpeza, conservação e reposição das árvores, por exemplo. Sem falar na saúde e educação públicas.

Também para a valorização dos servidores, "não há dinheiro"...

A linha de ação política e social desta gestão é claramente demonstrada através de suas ações. Recorde algumas:

Foto: Sheila Castello, nov 2014
Primeiro monumento da República no Rio, estátua de General Osório sofre com vandalismo  Inaugurada em 1894, escultura de oito metros de altura, diante do Paço Imperial, está em péssimo estado de convervação. Por Caio Barretto Briso. Jornal O Globo, 09/07/2015.
Há 35 anos na Zona Portuária, Armazem Cultural das Artes tenta reverter pedido de desocupação - Gestora da prefeitura no porto Maravilha pretende vender área onde atuam cenógrafos para construção de prédio residencial - O Globo, 16/07/2015

Igreja de 1934, tombada há mais de 20 anos, cai aos poucos, na Zona Norte do Rio - Extra, 19/07//2015

Aqui a íntegra da matéria de O DIA.

Para saber mais sobre a situação do patrimônio histórico na cidade do Rio de Janeiro, acompanhe o blog UrbeCaRioca,, da Andréa Albuquerque G. Redondo.


(Atualização: 24/07/2015, 12h23)



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