Como anunciado, hoje se realizou a I Audiência Pública promovida pelo Conselho Curador da Empresa Brasil de Comunicação, responsável pelas emissoras públicas de rádio e televisão.
O histórico auditório da Rádio Nacional, no edifício A NOITE, igualmente emblemático na geografia arquitetônica e cultural da cidade do Rio de Janeiro estava lotado - isso mesmo, lotado, inclusive com pessoas de pé.
A presença não foi apenas expressiva, mas, também, representativa, ainda que se notasse um reduzido número de mulheres. Dentre as presentes, no entanto, muitas ocupavam funções significativas - Teresa Cruvinel, Diretora-Presidente da EBC, Taís Ladeira, Gerente Regional de Brasília, Sofia Hammoe, Gerente Regional da Amazônia, Ima Vieira, Presidente do Conselho e da mesa, além de diversas jornalistas, uma representante do movimento de moradores sem teto...
O evento contou com a tradução simultânea na linguagem brasileira de sinais (LIBRA) e foi transmitido ao vivo pela internet, além de ter sido organizado um bate papo igualmente em linha que contou com um grande número de participantes.
Muitas e significativas foram as sugestões apresentadas. Como cheguei já do meio para o final da participação do público presente sobre o tema Televisão Brasil, não tive oportunidade de fazer uso da palavra, que reservei para o momento de discussão sobre as emissoras de rádio.
Chamada a falar, pontuei a dificuldade em ouvir a Nacional AM, tendo em vista os aparelhos receptores, atualmente, sairem de fábrica com recepção apenas para FM, sugerindo se considerasse a possibilidade de transmitir o conteúdo da Nacional AM também em FM.
Destaquei a necessidade de se desenvolver melhor o conteúdo de programação para o público da terceira idade - a geração que acompanhou os seus tempos áureos está viva e merece melhor carinho na montagem da grade da programação.
Atualmente a emissora dispõe de dois grandes programas dirigidos a esse público e a outros que gostam da música popular brasileira dos anos trinta aos anos sessenta do século passado, aproximadamente.
Trata-se dos programas Rádio Memória, do Gerdal dos Santos e o Histórias do Frasão, levados ao ar respectivamente sábado e domingo pela manhã (o último, com reprise na segunda-feira à noite). Há, ainda, o recém lançado programa Puxa o Fole, do Jorge Sergival, igualmente transmitido uma vez por semana. No entanto, ressente-se o público idoso de ser contemplado na grade de programação de qualquer emissora - seja de rádio, seja de televisão, apesar de sua cada vez maior participação na formação demográfica da sociedade nacional.
Outro aspecto que pontuei foi a necessidade de a emissora contemplar em sua grade de debates, os temas da orientação sexual e da identidade de gênero, contribuindo, assim, para o processo de inclusão social dessa população, por meio da desmistificação dos temas, com o que se estaria, enfim, cumprindo o Programa Brasil Sem Homofobia e as diretrizes emanadas da I Conferência Nacional de Políticas Públicas para Gays, Lésbicas, Transexuais, Travestis e Bissexuais.
Findas as participações dos presentes, o representante da EBC reconheceu a necessidade de a emissora dedicar maior atenção aos ouvintes mais idosos, criando uma maior e mais representativa grade a eles destinada.
Mas, sem dúvida, o que de melhor, em minha opinião, falou o Orlando Guilhon, Superintendente de Rádio da EBC, foi que, sim, a divisão de Rádio da EBC irá contemplar em sua programação as temáticas da orientação sexual e da identidade de gênero. Essa foi, sem dúvida nenhuma, uma grande vitória para todxs nós!
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A divulgação de que haverá um intercâmbio entre as programações produzidas pelas diversas emissoras - Rio de Janeiro: Nacional AM , Rádio MEC AM, Rádio MEC FM; Brasília: Rádio Nacional AM (criada 2 anos antes da Capital, justamente para poder transmitir as notícias sobre a sua construção), Nacional FM, Rádio MEC AM; Amazônia: Rádio Nacional da Amazônia OC, Rádio Alto Solimões AM -, com o que se contribuirá para efetivamente integrar culturalmente as diversas regiões do país;
a transmissão, para muito em breve, do programa GARIMPO, com música de todo o Brasil, apresentado por Cláudio Jorge, do Conjunto Época de Ouro. É aberto à participação popular (no auditório da emissora, aqui no RJ) e de produção independente. Também anunciou-se a transmissão de programa, na rádio MEC, sobre as Bandas de Música. Igualmente para breve foi anunciada a transmissão do programa ROLÉ COMUNITÁRIO, com conteúdo produzido pelas rádios comunitárias e por oficinas de capacitação.
Finalizando, foi informada a criação de um comitê para analisar todas as propostas apresentadas e que as mesmas serão compiladas e disponibilizadas no sítio da Empresa.
As contribuições por e-mail e através do bate papo em linha igualmente serão consideradas.
Como imaginasse não fosse conseguir chegar no horário, tive o cuidado de enviar, por e-mail, para o Ouvidor Assistente, Fernando, minhas sugestões. Além das aqui citadas, mencionei ainda a inclusão, no programa DOC TV, de documentários que contemplem a temática de orientação sexual e identidade de gênero, preferencialmente elaborados contemplando a nossa realidade.
Pelo que foi informado pelo Superintendente de Rádio, é de se presumir também o setor de televisão da EBC tenha a mesma sensibilidade para a relevância social dos temas que tlevei àquela Audiência Pública.
Foi muito emocionante para quem, como eu, nasceu, passou a infância e a juventude sob um regime político e cultural extremamente autoritário e avesso à participação popular, participar desse processo de democratização, de controle democrático dos veículos públicos de comunicação. Também a minha mãe, com os seus 88 anso recém completados, se emocionou. E não apenas de estar ali presente, mas, sobretudo, por estar naquele espaço sagrado da memória e cultura popular - o Auditório da gloriosa Rádio Nacional do Rio de Janeiro.
Sem dúvida nenhuma, alguma coisa acontece - o processo de democratização nacional vai, aos poucos, acontecendo, se ampliando, aprofundando. Ainda que não no ritmo, intensidade e em todos os setores que nossa sede por representatividade, participação, compromisso, inclusão almejam.
Mas estamos a caminho. Passo a passo. Com tenacidade e determinação.
Veja aqui quem integra o Conselho Curador da EBC.
Aqui, a Programação da Rádio Nacional RJ AM.
Vale a pena, também, conferir o Processo Seletivo para os projetos audiovisuais que concorrem ao Fundo Setorial do Audiovisual (FSA) para a produção de obras destinadas à televisão, cujas inscrições vão até o próximo dia 10 de junho.
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