Nas duas últimas postegens tenho me dedicado a comentar sobre velhice e envelhecimento, a rápida mudança na composição demográfica de nosso país.
Tenho abordado a escassez de políticas públicas sérias destinadas a este segmento da população - algo mais do que simples centros de lazer, funcionando com a simples contratação a título precário de um professor de educação física, como vemos nas pequenas municipalidades; a ausência de programas de suporte às famílias com idosos, no plano geral. No plano específico dos idosxs gays, lésbicas, travestis e transexuais, o aspecto focado tem sido a mais imperiosa necessidade de se começar a discutir à sério as demandas por serviços que estão colocadas já de forma urgente, dados os índices populacionais divulgados pelo IBGE.
Nessas postagens também tenho procurado sensibilizar para a retomada da idéia de cidadania ativa, cooperação e iniciativa.
Um dos "fetiches" no elenco das representações construídas em torno da atual imagem do segmento das homossexualidades o aponta como uma parcela populacional dotada de elevado poder aquisitivo. Tal raciocínio se baseia no pressuposto de que, sem filhos, os ganhos individuais e da conjugalidade passam a ser consumidos consigo próprios.
Com esse modo de raciocínio, inventa-se uma certeza totalizante e primária sobre uma realidade altamente complexa, vez que trata-se de segmento dotado de extraordinária diversidade. Seja em termos de poder aquisitivo, posição social, origem, geração, projeto e trajetória de vida, concepções ideológicas, existenciais, nível cultural, capacidade crítica... Em resumo, formas e modos de ser, estar e ver o mundo.
Assim, ficam de fora dessa nova "verdade" construída simplesmente as pessoas reais, com toda a gama de especificidades e questões atinentes. Entre elas, a não correspondência a este poder aquisitivo romantizado - fruto talvez da nostalgia persistente de uma existência "aristocrática"-, a compor um novo setor invisibilizado.
Assim, apontando para aqueles que, longe de fazerem parte do novo padrão idealizado, a perspectiva que tenho adotado é a estimular exercícios de dedução:
- Tomando como base o que é divulgado sobre a realidade da vida dos idosos em geral, qual será o cotidiano de vida de milhares de idosos?
Um segundo momento é o de propor a reflexão sobre possibilidades concretas de intervenção nesta realidade, com propostas não apenas para a parcela "mais indesejável dentre os indesejáveis".
Em meio a estas, estímulos a se pensar sobre programas específicos foram apresentados, tais como instituições de permanência - meio tempo e tempo integral -; condomínios residenciais adaptados física e culturalmente; centros de convivência e atividades, passíveis de serem pensados tanto via políticas públicas quanto por meio de mobilização cívica de seus interessados.
Sabemos de diversas iniciativas em autogestão, existentes em diversos países, onde o segmento populacional lgbtt pode contar com várias instituições congêneres propiciadoras de segurança em termos de envelhecer com dignidade, sem ter que se defrontrar outra vez, agora num momento de natural redução do vigor físico, com os efeitos da homofobia.
É dentro dessa ótica que convido conhecerem a experiência de um grupo de pessoas (heterossexuais) que, em 1975, decidiu se antecipar aos acontecimentos e, com ótima visão de planejamento estratégico, começou a construir um projeto de habitabilidade digna para o seu envelhecimento, de forma totalmente autogerido. Hoje, 2009, começam a colher os seus frutos.
Penso que quanto mais se discuta a questão e se conheçam experiências bem sucedidas, seja no Brasil ou não, as coisas podem começar a acontecer - antes que o salto demográfico que nos espera na próxima década nos pegue desprevenidos.
A experiência de que falo é a que vem sendo implementada pela AGERIP - Associação Geronto-Geriátrica de São José do Rio Preto. Confiram e comentem depois:
http://www.agerip.com.br/index.asp?Ir=area.asp&area=46
Tenho abordado a escassez de políticas públicas sérias destinadas a este segmento da população - algo mais do que simples centros de lazer, funcionando com a simples contratação a título precário de um professor de educação física, como vemos nas pequenas municipalidades; a ausência de programas de suporte às famílias com idosos, no plano geral. No plano específico dos idosxs gays, lésbicas, travestis e transexuais, o aspecto focado tem sido a mais imperiosa necessidade de se começar a discutir à sério as demandas por serviços que estão colocadas já de forma urgente, dados os índices populacionais divulgados pelo IBGE.
Nessas postagens também tenho procurado sensibilizar para a retomada da idéia de cidadania ativa, cooperação e iniciativa.
Um dos "fetiches" no elenco das representações construídas em torno da atual imagem do segmento das homossexualidades o aponta como uma parcela populacional dotada de elevado poder aquisitivo. Tal raciocínio se baseia no pressuposto de que, sem filhos, os ganhos individuais e da conjugalidade passam a ser consumidos consigo próprios.
Com esse modo de raciocínio, inventa-se uma certeza totalizante e primária sobre uma realidade altamente complexa, vez que trata-se de segmento dotado de extraordinária diversidade. Seja em termos de poder aquisitivo, posição social, origem, geração, projeto e trajetória de vida, concepções ideológicas, existenciais, nível cultural, capacidade crítica... Em resumo, formas e modos de ser, estar e ver o mundo.
Assim, ficam de fora dessa nova "verdade" construída simplesmente as pessoas reais, com toda a gama de especificidades e questões atinentes. Entre elas, a não correspondência a este poder aquisitivo romantizado - fruto talvez da nostalgia persistente de uma existência "aristocrática"-, a compor um novo setor invisibilizado.
Assim, apontando para aqueles que, longe de fazerem parte do novo padrão idealizado, a perspectiva que tenho adotado é a estimular exercícios de dedução:
- Tomando como base o que é divulgado sobre a realidade da vida dos idosos em geral, qual será o cotidiano de vida de milhares de idosos?
Um segundo momento é o de propor a reflexão sobre possibilidades concretas de intervenção nesta realidade, com propostas não apenas para a parcela "mais indesejável dentre os indesejáveis".
Em meio a estas, estímulos a se pensar sobre programas específicos foram apresentados, tais como instituições de permanência - meio tempo e tempo integral -; condomínios residenciais adaptados física e culturalmente; centros de convivência e atividades, passíveis de serem pensados tanto via políticas públicas quanto por meio de mobilização cívica de seus interessados.
Sabemos de diversas iniciativas em autogestão, existentes em diversos países, onde o segmento populacional lgbtt pode contar com várias instituições congêneres propiciadoras de segurança em termos de envelhecer com dignidade, sem ter que se defrontrar outra vez, agora num momento de natural redução do vigor físico, com os efeitos da homofobia.
É dentro dessa ótica que convido conhecerem a experiência de um grupo de pessoas (heterossexuais) que, em 1975, decidiu se antecipar aos acontecimentos e, com ótima visão de planejamento estratégico, começou a construir um projeto de habitabilidade digna para o seu envelhecimento, de forma totalmente autogerido. Hoje, 2009, começam a colher os seus frutos.
Penso que quanto mais se discuta a questão e se conheçam experiências bem sucedidas, seja no Brasil ou não, as coisas podem começar a acontecer - antes que o salto demográfico que nos espera na próxima década nos pegue desprevenidos.
A experiência de que falo é a que vem sendo implementada pela AGERIP - Associação Geronto-Geriátrica de São José do Rio Preto. Confiram e comentem depois:
http://www.agerip.com.br/index.asp?Ir=area.asp&area=46
2 comentários:
Rita, vamos conversar um pouco. amei a proposta da Agerip, acho que é por aí mesmo, bem dentro da ideia de hotel social que começa a vigorar na Europa. O site é muito legal, vou até me associar, mas não vi nele nada falando de valores, o quanto se paga e etc. Seria possível essa proposta para uma população de idos@s LGBT de baixa renda?
Douglas Drumond vai se candidatar pelo PV a deputado federal, espero que ganhe. ele acabou de comprar um conjunto de 40 casas populares, no município de Suzano - SP. Quero uma oportunidade de sentar com ele e falarmos sobre essas casas, o que ele pretende fazer, já que ele em várias ocasiões se mostrou sensível à discussão de idos@s LGBT. No entanto, muitas vezes é difícil falar com ele, pela correria da vida e agora será ainda pior... ele foi a única pessoa em minha vida que me ofereceu um espaço de trabalho e militância, que tem comprado muita ideia minha . Por que, o resto, para se realizar algo a gente tinha que antes ver os interesses do partido, como o projeto que eu fiz para a construção de um monumento ao Édson Néris, entreguei para alguns militantes partidaristas que nunca fizeram nada. Mas, até 2010 sai, prometo.
Beijos,
Ricardo
aguieiras2002@yahoo.com.br
Ricardo, te respondo com a postagem de hoje, ok?
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