sábado, 29 de janeiro de 2011

NA PAULISTA, OUTRA VEZ - TAMBEM LÁ: OMISSÃO, BOICOTE, SABOTAGEM

Mais um caso de agressão física contra homossexuais na Avenida Paulista, no Centro de São Paulo.  Foi na madrugada de terça-feira, durante as comemorações pelo aniversário de fundação da cidade.

Sangrando, após receber uma garrafada no olho, o jovem busca ajuda em um posto de gasolina. Queria água e um pano para limpar a ferida. Atônito, vê que nenhum dos empregados no iterior do posto se dispõe a ajudá-lo. 

O amigo que o acompanhava liga para a Polícia. Lá como cá, a Polícia não aparece. Recorrem à Base Móvel da PM na Paulista. Esta não solicita reforços pelo rádio, para localizar os agressores - cuja descrição física (padrão tipo skinheads) não tornaria  vã a tentativa, decerto, caso houvesse interesse em cumprir com a função que lhes cabe.

Triste ver reiteradamente que as Polícias estaduais atuam de forma seletiva: quem, o que, quando, como, são discricionariedades praticadas cotidianamente nas ruas pelos agentes da autoridade policial. São eles que escolhem qual ocorrência atender e como.

E as Corregedorias, como atuam diante de tais notícias? Os Comandantes Gerais? Os Secretários de  Segurança Pública? De Direitos Humanos (seja qual seja o nome específico em cada organograma estadual) 

E os Governadores?

Ficamos assim, semelhantemente à questão carcerária? 

- É esta a resposta dos Estados? E Estados, diga-se de passagem, com maior peso relativo dos ativistas de ongs LGBTs.

São estas as Polícias cidadãs, aptas para os mega eventos internacionais que sediaremos em 2014 e 2016?
 
 A omissão policial parte da certeza de que sua visão de mundo de menosprezo à diversidade é partilhada pela maioria da sociedade - os níveis hierárquicos da corporação incluídos.

Assim, nesse quadro de pensamento, uma ocorrência vitimizando homossexuais e transexuais não "mereceria" intervenção de um dos braços do aparelho de Estado encarregados da função distributiva da Justiça (em sentido lato). 

Frustrada a fase persecutória, frustra-se todo o resto. Permanece, assim,  intocado o sentimento geral de impunidade, de injustiça, mormente para determinados usuários - pretos, pardos, pobres, travestis, gays, lésbicas.

Na medida em que as notícias de omissão policial se avolumam, sem merecerem a pronta contrapartida em apuração e punição por parte dos canais competentes (acima citados), sinalizando a vontade política determinada na correção de rumos, mesmo em unidade da federação governada por político dito "frendly", constata-se, como na síntese poética de Chico Buarque, que "há distância entre intenção e gesto".

Espera-se das diversas instâncias do Estado coerência, universalidade e ação sistêmica. Não apenas ações e discursos pontuais, tipo "vitrines".



Referência:
http://br.noticias.yahoo.com/s/29012011/25/manchetes-gays-sao-agredidos-novo-caso.html

2 comentários:

Rita Colaço disse...

Notícia do Facebook:
"Mortes de travestis

Na última terça-feira (25), uma travesti foi encontrada morta em um heliporto situado no bairro Alto Boqueirão, em Curitiba. Segundo a polícia, a vítima foi executada com um tiro na nuca. Foi a segunda travesti assassinada em dois dias na capital paranaense.

Um dia antes o corpo de uma travesti foi encontrado na Cida...de Industrial de Curitiba."

Rita Colaço disse...

A TV Globo acabou de exibir matéria sobre a (péssima) qualidade da prestação de serviços nas delegacias de polícia civil pelo país.

Provavelmente será disponibilizada no Youtube.

Percebem-se os diversos expedientes aos quais eles recorrem para evitar realizar o serviço para o qual prestaram concurso, foram nomeados, empossados e recebem os seus vencimentos (embora saibamos que são parcos).

Há uns 2 anos já denunciava, aos próximos, as táticas empregadas nas delegacias "legais" (as demais, acaso serão ilegais?!): muito gentis, receptivos, os policiais vão "empurrando" aquela pessoa que desafortunadamente precisou buscar os seus serviços para outros órgãos públicos. - É o chamado "empurrômetro", que, afinal, traz vantagens políticas, na medida em que termina por contribuir para apresentar reduções nos índices de criminalidade (porque atuam desestimulando a pessoa a não fazer o registro e porque, de forma circular, essa inépcia vai se disseminando no conhecimento público e as pessoas vão sendo assim induzidas a não mais buscarem as delegacias - porque sabem que não serão atendidos eficientemente).