A gente tem acompanhado o crescimento do bloco fundamentalista em nosso país e a contrapartida de nenhuma manifestação por parte de qualquer ocupante do Executivo, com vistas à reafirmação da democracia e do império dos Direitos Humanos, no que respeita à população LGBT. A ousadia de suas proposições e o contingente de seus adeptos é de tal ordem que a gente chega a temer pela implantação, no Brasil, de um estado fundamentalista, haja vista que integrantes desse bloco tem atuado no sentido de implantar um regime onde apenas exista espaço para as suas pessoais concepções de mundo, de religiosidade, de sexualidade. Uma versão tupiniquim do Boko Haram e do Estado Islâmico.
No entanto, cresce silenciosamente o número de pessoas que decidem se manifestar publicamente contra o império da barbárie em nossa tênue democracia. Uma dessas forças da sanidade é o Grupo MÃES PELA DIVERSIDADE. Formado por mães e pais de homossexuais decididos a lutar contra a continuidade da violação dos direitos elementares à dignidade e à vida de seus filhos e, por extensão, todos os LGBTs, a ele tem se associado também heterossexuais conscientes dos valores civilizatórios como bem a ser defendido.
Uma dessas pessoas é Fernanda Freitas. Leia a seguir a mensagem que ela encaminhou à Majú Giorgi, uma das muitas lideranças do MÃES PELA DIVERSIDADE. É um bálsamo de empatia e compromisso ético.
Majú, eu sou heterossexual, casada, mãe de três crianças, ou melhor, três adolescentes, 16; 14 e 12 anos. Em minha casa as conversas são o mais claras possíveis, nenhum mostra qualquer sinal de homofobia ou qualquer outra forma de discriminação, caso mostrassem, eu saberia muito bem dar um fim nisso. Sempre expliquei a eles que ninguém é obrigado a gostar de ninguém, mas respeitar sim, se VC não foi criado com respeito e não conhece tal valor com certeza não vai muito longe... Meus irmãos são héteros, meus cunhados, primos, nem por isso desrespeitamos alguém. Minha indignação contamina os meus, morro de orgulho quando minhas filhas se emocionam com alguns fatos e mostram sua indignação referente a outros. Tenho gays em minha vida, tenho amigos que são como irmãos e tenho amigas que são como filhas e por elas e eles, dou mesmo a cara a tapa, bola pra frente e ninguém me segura. Me coloco no lugar de mães que têm seus filhos humilhados, agredidos, desrespeitados, mortos. Sinto a dor de uma mãe que enterra um filho pelo simples fato de não ser como a maioria, sinto a dor dos pais do menino Peterson que foi morto por ser AMADO. O menino Peterson, assim como outros adotados por casais homossexuais ou homoafetivos como quiserem, foi gerado no CORAÇÃO, quer amor maior do que VC amar incondicionalmente uma pessoinha que não tem uma gota do seu sangue, que VC não gerou que não "viu" ser gerado?! Pois bem, vocês mães de homossexuais, NÃO ESTÃO SOZINHAS NESSA LUTA, existe sim uma grande parte de famílias ditas tradicionais juntas com vcs. Sintam-se abraçadas, acarinhadas, protegidas por nós. Nós que criamos e educamos nossos filhos para serem homens e mulheres de bem independente de suas escolhas afetivas, de seu "gênero", nós que os criamos para serem felizes. E lá vamos nós! Fernanda Freitas
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