Desde o último domingo, dia 06, como foi repercutido aqui, o jornal O Dia, através de seu jornalista MAHOMED SAIGG, vem realizando um digno trabalho de informação e denúncia das constumeiras práticas de violência homofóbica a que se veem submetidos homossexuais no Estado do Rio de Janeiro, inclusive no ambiente escolar - 20% dos alunos homossexuais não concluem o ano letivo, segundo o SEPE, cf. O Dia de ontem, 08 09 09. E, pior, tambem por parte de policiais - que, na qualidade de agentes da autoridade policial, tem por dever exatamente o contrário: coibir e não praticar crimes - O Dia 06 e 07 09 09.
Pois, com a série de matérias denunciando a contumácia das práticas violentas em comunidades de populares, seja na Cidade Maravilhosa, seja na Baixada Fluminense, hoje o mesmo jornal traz uma notícia estimulante:
O Estado, através de suas instâncias diretamente referidas, veio a público esclarecer que
“Não vamos compactuar com nenhuma atitude preconceituosa cometida por policiais. Se forem comprovados esses desvios de conduta, os responsáveis por essas agressões serão punidos.”
Foi o que prometeu o relações-públicas da PM, major Oderlei Santos, segundo notícia de MAHOMED SAIGG, hoje em O Dia.
Tambem a Secretaria Estadual de Educação, enfrentará o assunto, no contexto da "Jornada de Educação e Cidadania LGBT e Combate à Homofobia", em fase de organização e que acontecerá em Nova Iguaçu. Segundo o jornalista Mahomed, o evento "vai reunir 208 diretores de escolas de oito municípios da Baixada Fluminense".
Veja a íntegra da notícia de hoje (09 09 09:
http://odia.terra.com.br/portal/rio/html/2009/9
/policia_militar_vai_investigar_atitudes_homofobicas_no_morro_santa_marta_33976.html
Polícia Militar vai investigar atitudes homofóbicas no Morro Santa Marta
Secretaria Estadual de Educação também reunirá diretores de escolas da Baixada
POR MAHOMED SAIGG, RIO DE JANEIRO
Rio - A Polícia Militar instaurou procedimento para investigar a denúncia de que PMs que participam da ocupação no Morro Santa Marta, em Botafogo, teriam agredido homossexuais. Como O DIA mostrou segunda-feira, gays, lésbicas e travestis que moram na favela acusam policiais de cometer atitudes homofóbicas.
“Não vamos compactuar com nenhuma atitude preconceituosa cometida por policiais. Se forem comprovados esses desvios de conduta, os responsáveis por essas agressões serão punidos”, prometeu o relações-públicas da PM, major Oderlei Santos.
A intolerância sexual também será discutida durante o segundo encontro da Jornada de Educação e Cidadania LGBT e Combate à Homofobia. Organizado pela Secretaria Estadual de Educação, o evento, que será realizado em Nova Iguaçu, vai reunir 208 diretores de escolas de oito municípios da Baixada Fluminense.
Desde domingo O DIA vem mostrando o drama de homossexuais que são perseguidos por sua orientação sexual. Levantamento feito pela ONG Conexão G mostra que pelo menos um gay é agredido por dia nas favelas do Rio. Entre 2007 e 2008, 190 foram assassinados, o que torna o Brasil o país mais homofóbico do mundo.
Veja, também, a matéria de ontem (08 09 09):
Homofobia aumenta número de casos de evasão escolar
http://odia.terra.com.br/portal/rio/html/2009/9/homofobia_aumenta_numero_de_casos_de_evasao_escolar_33747.html
Cerca de 20% dos alunos gays acabam abandonando as salas de aula devido a preconceito. Discriminação também contribui para a violência
POR MAHOMED SAIGG, RIO DE JANEIRO
Rio - Fora da grade curricular, uma ‘disciplina’ reprovável vem excluindo alunos homossexuais das salas de aula no Rio: a homofobia. Alvos de preconceito por sua orientação sexual, estudantes gays, lésbicas e travestis estão deixando a escola por causa da discriminação. De acordo com o Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe), cerca de 20% dos alunos homossexuais que iniciam o ano letivo não suportam a perseguição e abandonam os estudos.
Condenada pelos educadores, a ‘matéria’ também gera outro grave problema no ambiente escolar: o aumento da violência. Cansados de provocações constantes de colegas e até de professores, muitos estudantes acabam perdendo o controle — e a razão — e partindo para a agressão.
Este foi o caso de Felipe Sanches, 18 anos. Aluno do 3º ano do Ensino Médio numa escola da rede pública, em Nova Iguaçu, ele conta que desde que assumiu sua homossexualidade, há dois anos, perdeu a conta de quantas vezes brigou na escola. “Nunca tinha discutido no colégio até assumir que era gay. Mas depois as provocações começaram. Na maioria das vezes até faço de conta que não é comigo. Mas às vezes o sangue ferve e aí fica impossível não reagir. Quando vejo já parti para briga”, confessa Felipe, que já pensou em abandonar a escola por causa do preconceito.
Menos tolerante que Felipe, o travesti Roberta, 26 anos, revela que largou a escola no 2º ano do Ensino Médio depois que um professor debochou do fato de ele ser homossexual durante uma aula. “Ele vivia jogando piadinhas, fazendo insinuações maldosas a respeito da sexualidade, mas nunca tinha sido direto. Certo dia me cansei e lhe perguntei o que tinha contra os gays. Ele se assustou, disse ‘nada’, mas começamos a discutir até que ele me mandou sair da sala. Envergonhada, saí e nunca mais voltei”, conta Roberta.
Diretora do Sepe, a professora Eliza Henriques Martins, 43 anos, que é lésbica, afirma que os professores no Rio não estão preparados para lidar com situações de conflito geradas pela homofobia. “É esse despreparo que permite que a homofobia siga agravando não só o problema da evasão escolar, como também o do aumento da violência nas escolas, que já está saindo do controle dos professores e diretores”, alerta Eliza.
O problema da homofobia nos colégios do Rio é tão grande que o Sepe criou a Secretaria de Gênero e Combate à Homofobia. “Através desta secretaria nós começamos o Seminário de Múltiplos Olhares, através do qual promovemos debates e reuniões para debater o problema da homofobia dentro das escolas”, explica a também diretora do Sepe Marize de Oliveira Pinto, 50 anos, que é heterossexual e condena a homofobia.
“Todos têm direito à educação, seja lá qual for a sua orientação sexual. Não podemos aceitar que jovens sejam obrigados a abandonar os estudos e tenham que usar a força física para que sejam respeitados”, ressalta.
Estado lançará projeto de combate a problema
Atenta aos problemas gerados pelo preconceito contra homossexuais, a Secretaria Estadual de Educação reconhece a gravidade da situação e anuncia o lançamento da Jornada de Educação e Cidadania LGBT e Combate à Homofobia. Voltado para a orientação de professores sobre como lidar com as diferenças nas salas de aula, o projeto será levado para todo o estado e deverá capacitar dois mil professores até o fim do ano.
>>Denuncie casos de homofobia em sua comunidade ou em sua escola. Escreva
“Nosso objetivo principal é sensibilizar a comunidade escolar para o tema. Precisamos valorizar a questão da diversidade para garantir a permanência de todos os nossos alunos até que eles concluam seus estudos”, destaca a coordenadora de Diversidade Educacional da Secretaria, Rita de Cássia Rodrigues.
“Negar a homofobia nas escolas é o mesmo que negar a existência dos homossexuais nas salas de aula”, afirma Rita, lembrando que os alunos não são os únicos que sofrem com a homofobia. “Também temos professores nessa situação. Alguns são homossexuais, mas não assumem sua orientação sexual por medo da reação dos alunos e dos próprios colegas de profissão. Isso precisa acabar”, decreta.
Preconceito se reflete no mercado de trabalho
A evasão escolar provocada pela homofobia nas salas de aula preocupa pesquisadores e militantes do movimento LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Travestis). “Se entrar no mercado de trabalho hoje em dia já está difícil para quem estudou, imagine para quem não concluiu seus estudos?”, destaca a psicóloga Sílvia Ramos, que é Coordenadora do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (Cesec).
“É por isso que a maioria dos homossexuais é de cabeleireiros ou está ganhando a vida prostituindo o corpo”, completa o presidente da ONG Conexão G, Gilmar Santos.
Vítima do preconceito no mercado de trabalho, a transgênero Carla cursou a faculdade de Relações Internacionais e morou 14 anos na Europa, onde aprendeu a falar seis idiomas. “Ainda assim não consigo emprego aqui no Brasil. Envio meu currículo, mas, quando veem que sou homossexual, desistem de me contratar”.
Brasil é o país mais homofóbico
Em comunidades carentes, o preconceito contra homossexuais surge mais violento e mais intolerante. O DIA está mostrando, desde domingo, relatos de gays, lésbicas, transexuais e transgêneros vítimas da discriminação. A ONG Conexão G, que atua na Maré, contabiliza ao menos um caso de agressão contra gays por dia. O Brasil ainda detém um triste recorde: o de país mais homofóbico do mundo. Entre 2007 e 2008, foram 190 assassinatos — ou um homossexual morto a cada dois dias. Quando não são mortos, gays muitas vezes são obrigados a abandonar sua comunidade.
Veja, ainda, a matéria publicada no jornal Espanhol El País noticiando os índices de homofobia no Brasil:
http://www.publico.es/espana/249179/violencia/homofoba/continua/invisible?or
La violencia homófoba continúa siendo invisible
ONG y asociaciones pro derechos civiles reclaman un registro oficial de crímenes contra el colectivo homosexual en todo el mundo. Sólo en Brasil, se produjeron 190 asesinatos en 2008
P. CORTINA /J. BENAVENTE - BARCELONA - 06/09/2009 08:00
A Nuri (nombre ficticio de un iraquí) se lo llevaron de casa maniatado, lo colgaron boca abajo durante horas y, al día siguiente, sin darle agua ni comida, lo electrocutaron y lo violaron repetidas veces, mientras le tapaban la cabeza con una bolsa y lo amenazaban con no parar hasta que confesara que era "una reina".
Este es uno de los testimonios del último informe de la organización Human Rights Watch (HRW), que denuncia que más de 90 hombres han sido torturados y asesinados por su orientación sexual a manos de milicias iraquíes en lo que va de año. Resulta imposible saber con exactitud cuántos homosexuales son asesinados cada año en el mundo, aunque las diferentes estimaciones demuestran que pueden ser varios miles.
Para empezar, muy pocos gobiernos llevan un registro específico de los llamados crímenes de odio (motivados por racismo, homofobia u otro tipo de discriminación), tal como reclaman ONG como Amnistía Internacional o HRW.
De hecho, en muchos países ni siquiera se contempla esta motivación ideológica como agravante. Ese apagón estadístico dificulta cuantificar el "homocausto" que según ONG y asociaciones tiene lugar en todo el mundo, con Brasil a la cabeza. "No hay estadísticas de crímenes de odio en Brasil. Nos basamos en noticias publicadas en prensa, Internet y testimonios de asesinatos", afirma Luiz Mott, miembro fundador del Grupo Gay da Bahía (GGB), una organización brasileña pro derechos del colectivo homosexual. El GGB registró 190 asesinatos en 2008 y 50 en lo que va de año.
Un asesinato cada dos días en Brasil
Es la punta del iceberg de la violencia que asola el país que preside Luis Ignacio Lula da Silva. "Brasil tiene un lado color rosa, con travestis y gay parades, y también uno rojo sangre, de tradición machista y homófoba", zanja Mott.
Los 190 asesinatos de 2008, uno cada dos días, supusieron un incremento del 55% respecto al año anterior, lo que llevó al GGB a afirmar que su país era "el campeón mundial de los crímenes homófobos".
Algunos activistas aseguran además que por cada caso denunciado, dos permanecen en la sombra. Ante la falta de datos oficiales las ONG, se limitan a denunciar los casos más flagrantes, como el que destapó recientemente HRW en Irak.
"Homofobia de estado"
México es otro de los países con mayor número de crímenes por homofobia y tampoco se libra de las citadas dificultades para documentarlos. La cosecretaria general de la Asociación Internacional de Gays y Lesbianas (ILGA, por sus siglas en inglés), la mexicana Gloria Careaga, cuenta que la "homofobia de Estado" sigue presente en su país, pese a que el movimiento LGBT (Lesbianas, Gays, Bisexuales y Transexuales) "logró desterrar la penalización de la condición homosexual del Código Penal Federal".
En agosto, la Asamblea Legislativa agregó los crímenes de odio a los delitos de homicidio y lesiones, gracias a la presión de la Comisión Ciudadana contra Crímenes por Homofobia y del movimiento LGBT. Pese a ello, Careaga denuncia la inhibición del estado hacia la promoción de un cambio cultural "que modifique los estereotipos con que está cargada la sexualidad". Las 337 víctimas mortales documentadas de 1995 a 2004 en México dan cuenta de la penosa situación de este colectivo.
Una de las características a nivel mundial de los ataques homófobos es la vulnerabilidad de los transexuales. Una persona transexual es asesinada cada tres días en el mundo, según la ONG Transgender Europe y la revista Liminalis. Lo que se traduce en 204 víctimas en el último año y medio (una de ellas, en Aldaia, Valencia).
El objetivo prioritario de los agresores, que no suelen responder a un perfil concreto, sigue siendo el transexual. La investigadora Vanessa Baird lo achaca a que muchos "se dedican a la prostitución en plena calle, exponiéndose a los ataques de la Policía o las bandas".
La ONU se inhibe
La ONU aprobó en diciembre de 2008 una declaración contra la homofobia y la discriminación por orientación sexual, con el apoyo de 66 de sus estados miembros, y el rechazo de algunos países de la Liga Árabe y el Vaticano.
Sin embargo, según un diplomático español en Naciones Unidas, la organización internacional "no emite informes específicos sobre homofobia por petición expresa de algunos países miembros, como Egipto, que lo verían como una imposición de los valores occidentales". Son motivos religiosos o culturales que sirven de escollo a muchos gobiernos para no respetar el principio de libertad e igualdad de las personas establecido en la Declaración de los Derechos Humanos de 1948.
En las antípodas de esta inhibición, se encuentra Gran Bretaña, el mejor ejemplo del continente europeo en lo relativo a la persecución y registro de la homofobia. Desde 2003, el asesinato o agresión de un homosexual, por el hecho de serlo, se castiga específicamente. En 2007, el ejecutivo británico aprobó una reforma del Código Penal por la que incitar al odio contra una persona por su orientación sexual se castiga con hasta siete años de prisión.
En los últimos 12 meses, se produjeron 1.123 incidentes homófobos en el área metropolitana de Londres, un 13% más que durante al periodo anterior, informa Íñigo Saenz de Ugarte. Esta elevada cifra, en un país donde la homosexualidad se acepta con normalidad y se castiga su persecución, es indicativa de las agresiones que podrían permanecer en la sombra en países donde no se legisla contra la homofobia.
Reparos del colectivo a denunciar
Un informe reciente sobre homofobia de la Agencia Europea para los Derechos Fundamentales (FRA) atribuye parte de la falta de datos a los reparos del colectivo homosexual a denunciar.
En muchos casos, a las víctimas les pesa el estigma social. En otros, la falta de conocimiento sobre dónde y cómo hacerlo funciona como inhibidor. También hay casos de personas que temen el mal trato que ya han recibido de la Policía en el pasado. En última instancia, se apunta el perfil de víctima recurrente que ya "no se molesta" en denunciar.
Esta es otra de las paradojas de la homofobia: se da en países donde el colectivo está socialmente aceptado por la mayoría. En palabras del director del Programa LGBT de Human Rights Watch (HRW), Scott Long, "la visibilidad engendra violencia. Es la otra cara de las victorias políticas y el progreso social". Al mismo tiempo que aumenta el número de desfiles por el Día del Orgullo Gay más de 150 al año en el mundo, crece el número de asesinatos en países como Brasil. "Los homófobos se vuelven más violentos para impedir nuestra visibilidad", zanja el brasileño Luiz Mott.
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