Estou de luto hoje. É um luto moral. Sempre acontece quando me vejo confrontada com demonstrações à queima-roupa e à distância das práticas que remontam nossa matriz aristocrática e escravista e que teimam em se perpetuar em nossa democracia ainda em construção. E elas ultimamente me tem confrontado de forma um tanto reiterada demais para os meus parcos recursos subjetivos.
Não precisam me dizer, eu sei que "ninguém tem nada com isso"; cada qual que "dê o seu jeito". - Ou não. Conforme seja o modo de estar e ver o mundo.
Mas não é bem isso que me interessa. Não me interessa aqui e agora saber se meus eventuais leitores partilham ou não dessa minha incompetência adaptativa, da minha parca resiliência, desse estado de indignação impotente, associado a um enorme sentimento de inadequação. Inadequação que engendra um estado de desenraizamento. Porque resultante do estranhamento a um certo padrão cultural tão nosso, que mais se assemelha àquelas realidades retratadas nos gibis de "antigamente" com supereróis em universos-paralelos.
Esse falatório todo é "apenas" para introduzir os links que vão abaixo, blog meio transformado nesses jornais virtuais disponíveis na internet (e que eu ainda não me aventurei a conhecer melhor). Para, ao introduzí-los, esclarecer (?) o porque desse post assim tão nublado como esta tarde está me saindo daqui de minha janela - do quadrado formado por mim e as minhas circunstâncias (sociais, políticas, materiais, históricas).
Assim, emoldurado o quadrado, para quem tenha interesse, como leitura de fim de semana gostaria de sugerir os últimos textos do Walter Maierovitch, no sítio da Carta Capital:
A Primavera Judiciária - 8 de outubro de 2011 e os recomendados ao seu final.
Sugiro também o Não havia "clima", na coluna Seu País, assinada por Soraya Aggege, na edição 666, de 5 de outubro de 2011, na mesma Carta Capital. Mas não consegui encontrá-lo no sítio da revista. Apenas via "São Google". Ela discute a questão STF x CNJ x AMB. Ele pode ser lido aqui.
E pra terminar com chave de ouro, o texto integral do Martín Granovsky - Esclavistas contra Lula -, o jornalista do diário argentino Página 12 que noticiou a exibição internacional de nosso ranço escravista e aristocratista protagonizada pelos nossos valorosos jornalistas-prepostos do ideário Casa Grande. Martín Granovsky foi o primeiro a denunciar e desmascarar a atitude de nossos repórteres durante a entrevista coletiva convocada pelo Richard Descoings, diretor do Sciences Po - o Instituto de Estudos Políticos de Paris -, por ocasião da entrega a Lula o título de Doutor Honoris Causa. Gravovsky denuncia e comenta o traço cultural elitista que ainda marca e organiza nossas práticas, relações, decisões, formas de ver, estar e atuar no mundo, enfim.
Antes, à guisa de contextualização, você pode talvez desejar ler o resumo do caso, através do texto de Leneide Duarte-Plon, de Paris para a Carta Capital, também na coluna Seu País da edição da semana passada:
O "cara" é também doutor - O ex-presidente Lula recebe o diploma Honoris Causa da Sciences Po e os correspondentes da mídia nativa em Paris exibem-se no useiro show de ódio de classe.
Bem, se você já havia lido tudo isso e está a se perguntar por quem eu lhe tomo, ao lhe sugerir notícias "dormidas", me desculpe.
Ou se você acha a maior perda de tempo ficar lendo essas coisas lúgubres, deprês, "imutáveis"; e que há coisa melhor para fazer de seu final de semana, me desculpe igualmente.
Faz parte dos riscos de se meter a escrever publicamente.
E agora, dá licença, pois vou atrás de um cafezinho, pra ver se turbino a minha amorfa vontade de escrever a tese de meu doutoramento.
Pós-escrito: Incluo ainda a matéria do G1/Pernambuco, sobre a agudização da violência contra homossexuais em 2011, onde é noticiado que, segundo o GGB - Grupo Gay da Bahia, no ano em curso já se contabilizou 171 homicídios no Brazil-zil-zil. Confira. Agradeço ao "plc122sim" o haver socializado o TT do Marcos Oliveira, na mesma rede virtual, onde divulgou o link e a matéria.
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