domingo, 10 de junho de 2018

Eticamente estamos proibidos de sermos indiferentes ao genocídio palestino

Um colega ativista dos direitos humanos, atuando na pauta LGBTQI+, vivenciou um ato de discriminação e uma atitude de solidariedade ostensiva.
Ele estava em um vôo e um casal ao seu lado se agarrava. Tudo ia bem, já que meu colega não esboçou qualquer reação. Mas o homem se sentiu incomodado com a presença dele, gay, ao seu lado, na mesma fileira. E pediu a troca de lugar, aduzindo um comentário inaudível a ele, com o que o comissário reagiu negativamente, repudiando o pedido.

Meu colega não atinava o que acontecia.

O homem então pediu a uma mulher da fileira na frente para trocar (ali havia um lugar vago).

Deu-se um constrangimento silencioso e pesado na aeronave; os passageiros a olhar o meu colega, indagando-se sobre o que ele teria feito para dar causa à atitude do homem.

Eis que um passageiro que ocupava a poltrona da janela na fileira ao lado, interfere, pedindo para sentar ao seu lado.

Só então meu colega compreende a situação:

- O homem estava incomodado em ter um gay ao seu lado no avião.

O passageiro, negro, conhecedor profundo da experiência de ser estigmatizado, entendeu e saiu em solidariedade.

Meu colega pode, com esse gesto singelo, sentir-se acolhido e reconfortado.

A nossa luta é assim, depende da solidariedade de todos. Enquanto um indivíduo ou segmento sofrer desqualificação, negativa de direitos, violências, não podemos ficar indiferentes.

É nosso dever moral sermos solidários. É isso que parecem não compreender aquelas pessoas que pensam poder separar o que Israel faz com LGBTQI+ daquilo que faz com os palestinos.

O homem no avião não desqualificou o negro; "não foi com ele". Mas lhe dizia respeito eticamente. E ele soube agir com empatia, que é a base dos direitos humanos.

Que não somos ilha e que não é possível lutas e bem-estar individuais (de pessoas ou segmentos), nos diz a ética, a filosofia, a biologia, a química, a lógica e as religiões todas.

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