quarta-feira, 5 de outubro de 2022

Pesquisas não ganham eleição

Nem buzina guia o carro nem pesquisa vence eleição

Passei esses últimos meses vendo todo santo dia canais militantes, como Fórum, 247, DCM, repetirem a mesma notícia, com variações: Lula na dianteira nas pesquisas. Nelas, Lula sempre tava na frente. Cansei de comentar, nos seus canais, que aquilo desmobilizava, que o "já ganhou" não era inteligente, que era imperioso focar na necessidade de fazer bancada... Não é possível que essa gente não seja capaz de perceber o mesmo. Não é possível!

No fundo, no fundo, estamos onde estamos também porque não temos competência para a produção do convencimento, para disputar as classes mais desinformadas/deformadas. E não estou esquecendo o trabalho avassalador levado a efeito pela Rede Globo como cadeia de transmissão do lavajatismo, destruindo a credibilidade na política, nas instituições  (e que agora, depois da terra arrasada, veio com a série sobre a Constituição). Falo de nossa dificuldade em produzir reações efetivas e a tempo. Nos perdemos em guerras fratricidas, enquanto os oponentes seguem em bloco e utilizando governos nossos como escada e seiva. 

Eu vejo a votação no PL e lembro da proposta do PT em 1982 - atuação nas bases, rizomática. E pra onde é que foi essa proposta? O que foi feito dela? 

Temos acompanhado, desde os anos 1980, os evangélicos darem curso ao seu projeto de poder, com eficiência e eficácia e com a ajuda dos anos de governo do PT!!! 

E o que fizemos para o enfrentamento, para a disputa do convencimento? 

É certo que nos últimos anos, principalmente depois o assassinato de Marielle Franco, novas lideranças populares e de esquerda têm surgido. Mas isso é muito recente e pouco, pontual.

Mesmo o PSOL, que vem mostrando ganhos nesse sentido, em certas localidades tem patinado. Aqui em RO, em 2018, estávamos conversando, construindo formas de incidência para 2020. Do nada, depois do recesso de final de ano, nunca mais as "lideranças" retomaram as reuniões. E não deram nenhuma satisfação, nada. Mesmo quando eu perguntava. Silêncio. E nada foi construído para 2018, exceto algumas candidaturas, como sempre aqui, sem penetração popular. E assim chegamos a 2022. Agora outras pessoas correm a tentar organizar para batalhar por votos. E eu (de novo) pergunto: por que não se fez isso antes? Tivemos desde 2018 para nos (re)articular. 

E o que temos? O infame fez disseminar em suas redes que a votação nele apenas se confirmaria se fossem eleitos os seus indicados. Eles usam os conhecimentos do marketing, da psicologia de massas e da neurociência. E nós? 

Com tantas decadas, séculos, de lutas e teorias, o que temos construído? Vamos passar até o dia 30 outra vez divulgando dados favoráveis das pesquisas? - Já vimos que pesquisas não ganham eleição.

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