O Brasil já conta com algo em torno de 1.930.000 idosxs lgbtts, sem que se saiba nada a respeito de sua realidade, sem programas em proteção social. Isto é, sem nenhuma política pública. A projeção, a partir de dados do IBGE, aponta para 2.830.000, em 2020 e 4.050.000 em 2030 o número da população de velhos e velhas lgbtts! - Dá para se continuar com "cara de paisagem"?, ou para se "dar a egípcia"?
Na postagem anterior divulguei o modelo organizativo de um condomínio residencial geriátrico, construído e planejado pelos próprios interessados, há trinta e quatro (34) anos atrás - 1975. Hoje, começam a colher os frutos de sua capacidade estratégica, de seu potencial aglutinador, da capacidade de trabalhar em conjunto, de pensar de forma cooperativa, solidária. Coisa nada fácil numa sociedade intensivamente individualista, imediatista e consumista.
No modelo desenvolvido pela AGERIP, o valor do título de sócio é R$ 5.000,00 e o da mensalidade, R$ 170,00. Foi planejada a construção de 120 apartamentos - todos seguem rigorosamente as normas de acessibilidade. Já existem, prontos, 30, que começam a ser ocupados. O custo mensal da moradia, nos apartamentos, é da ordem de R$ 1.700,00, incluídas quatro refeições, serviços de limpeza, lavanderia, segurança e todo o espaço de lazer. A idade mínima para se ter direito à moradia é de 60 anos. No entanto, caso o morador venha a necessitar, no futuro, de cuidados especiais, embora a associação conte com cuidadores treinados, esse serviço não está incluído nos R$ 1.700,00 da moradia: há que ser pago por fora.
Os chalés são construídos pelos próprios associados, a partir de algumas regras, notadamente de acessibilidade. O terreno é da associação, em comodato com o associado. As duas futuras gerações do associado construtor têm direito assegurado a residir no imóvel construído. O m² da construção na região está em torno de R$1.000,00, R$1.200,00. A idade mínima para residir nos chalés é 55 anos. Pode-se receber visitas livremente, não pode é caracterizar moradia de outras pessoas - exceção para o/a companheiro/a, lógico.
A pergunta é: este modelo "cabe no bolso" da maioria da população, seja lgbtt ou não? - Claro que não cabe.
Mas, não cabe, vírgula! E sabe por que? Porque existe um método construtivo que barateia em torno de 40% o custo da obra. É modelo do tijolo solocimento ou tijolo ecológico. Dependendo das condições específicas do projeto, dá até para construir em regime de mutirão, os associados ou cooperativados construindo não apenas as casas, mas os próprios tijolos. - Há construtores que comercializam as prensas, peneiras e formas da construção do tijolo e dão assessoria e treinamento.
- E por que não se pode desenvolver um projeto assim através, tanto da participação dos associados ("público-alvo") quanto do poder público, de instituições de fomento nacionais e internacionais, de convênios com universidades públicas? O custo de manutenção, igualmente pode ser pensado de forma criativa.
O que precisamos urgentemente, "para ontem" mesmo, é tomar a sério esta questão. Começar a pensá-la a fundo, envolvendo todxs, independentemente de partido político, concepção ideológica, faixa etária, poder aquisitivo, bagagem cultural.
É preciso que a gente se lembre o tempo inteiro de que já temos algo próximo a um milhão, novecentos e trinta mil (1.930.000) velhos e velhas lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais. A projeção do IBGE dá, para 2020, ou seja, daqui há apenas dez (10) anos, em torno de dois milhões, oitocento e trinta mil (2.830.000) brasileiros lgbtt, ou seja, um incremento de novecentos mil (900.000) pessoas.
Para mais dez anos adiante, ou seja, daqui há vinte anos, portanto em 2030, os dados do IBGE projetam o número de 4.050.000 - quatro milhões e cinquenta mil - idosxs lgbtts. Isso representa o incremento de um milhão, duzentos e vinte mil (1.220.000) na população de idosos lgbtt entre 2020 e 2030 e de 2.120.000 (dois milhões, cento e vinte mil) entre 2010 e 2030!
Ou seja, já é mais do que a hora de se colocar também esta questão no centro da agenda política de discussões dos movimentos lgbtts!
http://www.youtube.com/watch?v=sBnITcurIuk">
Na postagem anterior divulguei o modelo organizativo de um condomínio residencial geriátrico, construído e planejado pelos próprios interessados, há trinta e quatro (34) anos atrás - 1975. Hoje, começam a colher os frutos de sua capacidade estratégica, de seu potencial aglutinador, da capacidade de trabalhar em conjunto, de pensar de forma cooperativa, solidária. Coisa nada fácil numa sociedade intensivamente individualista, imediatista e consumista.
No modelo desenvolvido pela AGERIP, o valor do título de sócio é R$ 5.000,00 e o da mensalidade, R$ 170,00. Foi planejada a construção de 120 apartamentos - todos seguem rigorosamente as normas de acessibilidade. Já existem, prontos, 30, que começam a ser ocupados. O custo mensal da moradia, nos apartamentos, é da ordem de R$ 1.700,00, incluídas quatro refeições, serviços de limpeza, lavanderia, segurança e todo o espaço de lazer. A idade mínima para se ter direito à moradia é de 60 anos. No entanto, caso o morador venha a necessitar, no futuro, de cuidados especiais, embora a associação conte com cuidadores treinados, esse serviço não está incluído nos R$ 1.700,00 da moradia: há que ser pago por fora.
Os chalés são construídos pelos próprios associados, a partir de algumas regras, notadamente de acessibilidade. O terreno é da associação, em comodato com o associado. As duas futuras gerações do associado construtor têm direito assegurado a residir no imóvel construído. O m² da construção na região está em torno de R$1.000,00, R$1.200,00. A idade mínima para residir nos chalés é 55 anos. Pode-se receber visitas livremente, não pode é caracterizar moradia de outras pessoas - exceção para o/a companheiro/a, lógico.
A pergunta é: este modelo "cabe no bolso" da maioria da população, seja lgbtt ou não? - Claro que não cabe.
Mas, não cabe, vírgula! E sabe por que? Porque existe um método construtivo que barateia em torno de 40% o custo da obra. É modelo do tijolo solocimento ou tijolo ecológico. Dependendo das condições específicas do projeto, dá até para construir em regime de mutirão, os associados ou cooperativados construindo não apenas as casas, mas os próprios tijolos. - Há construtores que comercializam as prensas, peneiras e formas da construção do tijolo e dão assessoria e treinamento.
- E por que não se pode desenvolver um projeto assim através, tanto da participação dos associados ("público-alvo") quanto do poder público, de instituições de fomento nacionais e internacionais, de convênios com universidades públicas? O custo de manutenção, igualmente pode ser pensado de forma criativa.
O que precisamos urgentemente, "para ontem" mesmo, é tomar a sério esta questão. Começar a pensá-la a fundo, envolvendo todxs, independentemente de partido político, concepção ideológica, faixa etária, poder aquisitivo, bagagem cultural.
É preciso que a gente se lembre o tempo inteiro de que já temos algo próximo a um milhão, novecentos e trinta mil (1.930.000) velhos e velhas lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais. A projeção do IBGE dá, para 2020, ou seja, daqui há apenas dez (10) anos, em torno de dois milhões, oitocento e trinta mil (2.830.000) brasileiros lgbtt, ou seja, um incremento de novecentos mil (900.000) pessoas.
Para mais dez anos adiante, ou seja, daqui há vinte anos, portanto em 2030, os dados do IBGE projetam o número de 4.050.000 - quatro milhões e cinquenta mil - idosxs lgbtts. Isso representa o incremento de um milhão, duzentos e vinte mil (1.220.000) na população de idosos lgbtt entre 2020 e 2030 e de 2.120.000 (dois milhões, cento e vinte mil) entre 2010 e 2030!
Ou seja, já é mais do que a hora de se colocar também esta questão no centro da agenda política de discussões dos movimentos lgbtts!
http://www.youtube.com/watch?v=sBnITcurIuk">
6 comentários:
Rita, vou imprimir todas essas nossas discussões e seus posts e mostrar para uma pessoa, esta semana... risos... prometo! Quem sabe atinjo o coração e a mente dela...?
Seguinte, claro que eu concordo com tudo o que você disse, mas umas coisas me preocupam. Por exemplo, se fosse hoje, eu não poderia: Não tenho os 5.000 do título, os l70 mensal eu tenho , mas neca dos 1.700 mensais para ir morar lá.
A ideia de algo gerido pelos próprios LGBT's interessad@s é o que me parece o mais atraente em tudo. Criativo, inovador. Mas, veja você, na sua visão de barateamento da construção em 40 %, você não fala no depois, ou seja, os 1.700 continuariam, por que envolvem outros gastos, depois de tudo concluído. É isso? Alimentação, vestiário, funcionários, manutenção e tudo sem pensar o quesito "saúde", que, claro, deveria ser gratuita para tod@s. Mas o SUS, sabemos, não cumpre o seu papel, exceto em algumas coisas, como Aids, por exemplo, por que ganham muito o retorno em imagem do Brasil lá fora. Nesses 8 anos de governo Lula, nada foi feito pelos aposentad@s, que ainda são vistos como "vagabund@s" e gente que não produz para a riqueza do país, só dá despesas e etc. etc. etc. Tivemos, este ano, mas para receber só em 2010, 6 ponto qualquer coisa %... Lula vetou todos os projetos que previam alguma melhoria, como os de Paulo Paim, inclusive com ameaças. Teríamos, como você fala, envolver toda a comunidade LGBT nessa + empresári@s, mas você mesmo já notou que ninguém quer falar nesse assunto. A militância no Brasil é algo recente, nossa história sempre nos foi negada e mesmo a militância é feita por LGBT jovens, em sua maioria. Os/as que iniciaram o LMHB hoje já estão perto dos 60 ou mais, mas estão bem de vida... ou... digamos... remediados, com seu apartamento, casa e não conseguem enxergar o calo alheio. "Se não temos nem casamento, adoção, leis contra a homofobia e etc."; como posso pensar em moradia e apoio para idos@s LGBT?" Enfim, são coisas que eu já ouvi... como fala minha mãe: "a Lira dos 20 Anos" é apenas uma vez na vida...
Beijos, Ricardo
Brava!
Coisa nada fácil numa sociedade intensivamente individualista, imediatista e consumista.
ENRIQUECEDORA REFLEXÃO!
podemos reproduzir, com as devidas fontes e referencias claro, em nosso site:
www.maringay.com.br
Sem problemas. A idéia é esta mesma: circulação de idéias, opiniões. Como você bem disse, respeitado o crédito das fontes.
A comunidade no Orkut aliás, está às ordens, assim como o grupo que o Ricardo coordena no yahoo, o coroas lgbt.
Abs
Rita
Hoje recebi um mail de alguem de quem não recebia notícias há tempos.
Transcrevo o texto, editado, para preservar-lhe a identidade.
Creio que pode nos ajudar a continuar a pensar o tema, em coletivo e publicamente.
"(...) São assuntos da máxima importância, e parabenizo pelas pesquisas e o seu envolvimento pela causa.
Esta, em particular sobre a velhice vem ao encontro das minhas expectativas de futuro. Afinal completo 65 anos. Mas há muito tempo me preocupo com este "isolamento e esta solidão". Cada dia é menos um, principalmente quando se esta na 3ª. idade.
Como vc sabe tive um relacionamento [longo, mas] que limitou minha convivência com parentes e principalmente amigos. Estes, eu só posso dizer que tenho ex-colegas de trabalho, e assim mesmo as conversas são via internet.
Desde 1999 qdo. fui trabalhar no interior, e em 2000 qdo mudei em definitivo do Rio, comecei a sentir todos os efeitos negativos de uma mudança radical. Hoje contabilizo os prejuízos financeiros e os problemas psicológicos, como ansiedade, depressão e síndrome do pânico. Lamentavelmente alguns desses sintomas apareceram depois de 2 anos [que saí do Rio].
Lamentavelmente [vivo uma] ociosidade não voluntária. [Sinto] a falta de pessoas pra trocar idéias e projetos.
No Interior mesmo com algum turismo, continua sendo interior, pois os "nativos" são pessoas que viveram toda uma vida dedicada a família, filhos e agora netos. As "senhoras" que conheci, em nada poderiam acrescentar uma expectativa de convívio social. Assuntos totalmente diferentes da minha realidade. Em sua maioria são evangélicas, [seus] assuntos [são] sobre doenças, culinária, problemas da vida alheia, não fazem parte do meu universo.
Mesmo com esta idade ainda me procuram para alguns trabalhos. São pessoas que conheceram a minha dedicação e idoneidade ao longo dos anos.
O que me salva e a internet, nem sei o que seria de mim sem ela.
Lamentos à parte, gostaria de dizer que aprecio o seu blog, leio com atenção e até gostaria de postar algum comentário, [mas] ficaria exposta, coisa que evito. Sempre fui discreta.
Fiquei impressionada com a pesquisa, 1.930.000 idosos Glbts. Como é feita essa abordagem para chegar a este cálculo? Imagino se hoje ainda existe tanto preconceito, nas décadas de 50/60 como essas pessoas hoje se qualificam? Pensei que somente agora o IBGE colocasse na pauta de pesquisa a questão da opção sexual e das famílias diferentes. Não sabia que estes dados já existiam.
(...) Foi então que ainda com a vida profissional ativa, comecei a pensar como seria o meu e o futuro de muitas pessoas iguais a mim. Este pensamento ocorre sempre qdo. pensamos em incapacidade, mesmo que pequena, como uma simples gripe, ou qq outra coisa mais séria. Se não temos dinheiro nem casa própria, como pagar plano de saúde, e ainda sonhar com uma acompanhante? Pensei em fazer uma pesquisa na internet, mas esbarraria fatalmente na limitação para a maioria das idosas, lidar com essa tecnologia. E quem possui, é porque tem recursos e suporte familiar. Isso faz a diferença. Como seria possível chegar a estas pessoas e saber as suas necessidades? Normalmente moram só, e evitam vizinhos ou pessoas que só puxam conversa para saber da vida alheia. Meus Deus! Quantas pessoas iguais, com as mesmas necessidades e onde encontrá-las? Muitas, ainda que pela idade avançada são independentes e podem ajudar, tudo o que precisariam era um local, assim como o Retiro dos Artistas, onde cada um vive em seu cômodo e a convivência, o poder falar, trocar reminiscências, enfim a integração é o principal, saber que teria ali uma ajuda para qq emergência. Médicos, psicólogos, mesmo que estagiários ou voluntários, mas só em saber que existe pessoas ao redor, nos torna mais seguros e menos vulneráveis a solidão e seus efeitos devastadores.
Abraços,
Josiane
Sou de acordo que a maturidade é igual a juventude acumulada; não entendo como os jovens sadios , inteligentes com tão pouca sabedoria rejeitam alguma orientação dos mais velhos.
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