“Não faria isso, porque o Brasil é muito despreparado. Somos aborígenes, ainda mais porque esse tipo de imprensa é de quinta categoria. E se você assume, passa a ser gay e deixa de ser tudo o que você realmente é”.
Sobre o que achou dessa atitude do cantor, disse Falabella:
“Achei maravilhoso. Mas acho tão fora de moda esse negócio de questionar a sexualidade dos outros. O mundo está acabando... Não tenho a menor intenção de saber a opção sexual das pessoas, só das que quero comer. Se ele teve esse tipo de necessidade é um fato. Os preconceitos sempre vão existir, porque o ser humano é mesmo intolerante!”.
À parte o terrível preconceito expresso por Falabella com relação aos nossos aborígenes (povos em geral infinitamente mais solidários, democráticos e respeitosos, inclusive com relação à diversidade sexual, do que nós) e a imprecisão histórica de atribuir o mérito pela informática a seu comerciante, ao invés de ao seu inventor - o gay ALAN TURING, autor dos trabalhos teóricos que estabeleceram os alicerces para o desenvolvimento de tudo o que temos na atualidade em termos de informática e inteligência artificial -, é, sem dúvida, desagradabilíssimo ser interpelado por um jornalista ou por qualquer outra pessoa (exceto eventuais candidatxs) a respeito de nossos interesses eróticoafetivos.
Mas, por outro lado, esse seu modo de perceber desconsidera o processo histórico: nenhuma nação "nasceu" civilizada (aqui como sinônimo de respeito aos direitos humanos).
Para hoje serem apontados como modelo de liberdade e dignidade humana, esses povos primeiro tomaram consciência da necessidade de participação, de comprometimento social e político; primeiro se deram conta de que individual e coletivamente tinham um papel transformador a exercer; de que atitudes individualistas no melhor estilo do "cada um por si" é suicida e burra.
Tambem deixa de enxergar as nuances do preconceito:
Uma coisa é não ter que se ver compelido a confessar o seu desejo (menos por respeito à própria intimidade do que por receio de passar a ser rotulado, estigmatizado, reduzido em todas as suas capacidades ao aspecto eróticoafetivo).
Outra, completamente diferente, é não poder falar com naturalidade sobre a pessoa que amamos, com a qual dividimos a vida e a cama há anos, não podendo ir com ela às confraternizações na escola ou no trabalho, tendo que declarar-nos solteiros em documentos "oficiais", impedidos de receber informações médicas, caso nosso amor adoeça ... (e outros mais de 78 direitos civis negados).
Por isso creio que essa sua fala nos traz excelente oportunidade para reflexão e gostaria mesmo que o próprio Falabella também se dedicasse a se indagar:
- Por que, em nosso país, permanece resistente a visão preconceituosa a respeito da diversidade de orientação do desejo sexual, que leva à violência, à estigmatização, impedindo que muitas pessoas, inclusive profissionais de carreiras tradicionalmente marcadas pelo respeito à diversidade humana, se vejam obrigadas a manter a sua orientação sexual na sombra, vivida em sigilo, e com receio, sem poderem desfrutar de uma expressão tão tranquila e singela quanto a da heterossexualidade?
- O que faz com que o Brasil, que vem num movimento ascendente de reconhecimento e projeção internacional, na questão do respeito à liberdade de orientação sexual, ao contrário das demais nações civilizadas permaneça com a visão preconceituosa, estigmatizante, produtora de violências, levando as pessoas - sejam anônimas, sejam públicas, a se verem obrigadas a manter a esfera de sua afetividade homoerótica à margem, nas sombras, por receio de um rótulo desqualificante?
Mas, por outro lado, esse seu modo de perceber desconsidera o processo histórico: nenhuma nação "nasceu" civilizada (aqui como sinônimo de respeito aos direitos humanos).
Para hoje serem apontados como modelo de liberdade e dignidade humana, esses povos primeiro tomaram consciência da necessidade de participação, de comprometimento social e político; primeiro se deram conta de que individual e coletivamente tinham um papel transformador a exercer; de que atitudes individualistas no melhor estilo do "cada um por si" é suicida e burra.
Tambem deixa de enxergar as nuances do preconceito:
Uma coisa é não ter que se ver compelido a confessar o seu desejo (menos por respeito à própria intimidade do que por receio de passar a ser rotulado, estigmatizado, reduzido em todas as suas capacidades ao aspecto eróticoafetivo).
Outra, completamente diferente, é não poder falar com naturalidade sobre a pessoa que amamos, com a qual dividimos a vida e a cama há anos, não podendo ir com ela às confraternizações na escola ou no trabalho, tendo que declarar-nos solteiros em documentos "oficiais", impedidos de receber informações médicas, caso nosso amor adoeça ... (e outros mais de 78 direitos civis negados).
Por isso creio que essa sua fala nos traz excelente oportunidade para reflexão e gostaria mesmo que o próprio Falabella também se dedicasse a se indagar:
- Por que, em nosso país, permanece resistente a visão preconceituosa a respeito da diversidade de orientação do desejo sexual, que leva à violência, à estigmatização, impedindo que muitas pessoas, inclusive profissionais de carreiras tradicionalmente marcadas pelo respeito à diversidade humana, se vejam obrigadas a manter a sua orientação sexual na sombra, vivida em sigilo, e com receio, sem poderem desfrutar de uma expressão tão tranquila e singela quanto a da heterossexualidade?
- O que faz com que o Brasil, que vem num movimento ascendente de reconhecimento e projeção internacional, na questão do respeito à liberdade de orientação sexual, ao contrário das demais nações civilizadas permaneça com a visão preconceituosa, estigmatizante, produtora de violências, levando as pessoas - sejam anônimas, sejam públicas, a se verem obrigadas a manter a esfera de sua afetividade homoerótica à margem, nas sombras, por receio de um rótulo desqualificante?
Referências:
Agradeço a Osmar Rezende, da Libertos Comunicação (http://www.libertos.com.br/) o haver socializado esta entrevista do Falabella ao O Dia na listagls.
http://odia.terra.com.br/portal/diversaoetv/html/2010/4/miguel_falabella_esta_fora_de_moda_questionar_a_sexualidade_dos_outros_73051.html
http://comerdematula.blogspot.com/2009/09/tenho-orgulho-de-pedir-desculpas-um.html
http://carlosalexlima.blogspot.com/2010/01/cidadania-de-segunda-categoria.html
2 comentários:
Rita,
Concordo com suas ponderações.
Mas gostaria de fazer um comentário. A notícia em questão oferece outra faceta (oculta).
O fato da jornalista do O Dia ter escolhido ele para fazer especificamente esta pergunta talvez seja a razão da resposta escolhida por ele para dar a ela, particularmente. Tipo sensacionalismo barato mesmo era o que se pretendia e que foi rechaçado com um subtexto por ele.
RITA,
Concordo com tudo.Sem ser tão inteligente ( sou bicha burra,você sabe...rsrs) eu já havia comentado coisas parecida em A CAPA, fazia tempo que eu não via tanto preconceito numa pessoa só. Olha, passei o dia de hoje meio que bestificado como cartaz e o convite para a exposição sobre o Lampião da Esquina digitalizado, em Curitiba, pois, novamente, usaram algo nosso para fins eleitoreiros, estamos totalmente sem autonomia, cotidianamente retiram mais e mais um pouco e ainda posam de corretos e defensores dos LGBT's... como sempre. Calhordice pouca é bobagem!
Beijos
Ricardo
http://dividindoatubaina.wordpress.com/
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