A seguir, o texto do substitutivo da ex-Senadora Fátima Cleide ao PLC 122/2006 (PL 5.003/2001), aprovado na Comissão de Assuntos Sociais, em 2009 e que foi alvo de "industriada e voluntarista" campanha de deturpação obscurantista.
Peço que me mostrem, por favor, onde é possível encontrar, nessa proposta e na sua anterior:
* A instituição de Privilégios aos homossexuais (LGBTs);
* O ataque à vida e à família
* "Privilegiar um grupo em detrimento de toda a sociedade"
A primeira matéria aqui linkada, após afirmar toda essa sorte de acusações, é perfeitamente clara e expressa em revelar o que é que realmente está sendo combatido; o que exatamente esse bloco obscurantista e preconceituoso (portador de uma pré-noção daformada, irreal) se opõe, não consegue admitir:
Nele está bem claro o tom emocional e preconceituoso que não permite enxergar a proposta - ou melhor, enxerga, mas não concorda com ela.
E esse é justo o ponto central da questão. Esse bloco pseudo-cristão entende que a sua peculiar forma de interpretar a Bíblia - que é a expressão de sua crença pessoal e particular - e de ser a homossexualidade deve se impor a toda a sociedade brasileira, indistintamente, como se diz, do Oiapoque ao Xuí.
Ignoram completamente as contemporâneas conclusões da ciência médica e seguem rotulando "alcoolismo" como "vício". Como "vício" também percebem outras formas de comportamento - prostituição, adultério.
São pessoas que não conseguem de modo nenhum vivenciar os valores praticados e propagados pelo Cristo (freternidade, humildade) e compreender que vivemos numa República - democrática, pluralista, secular.
Isto é, um Estado Nacional que não se move a partir de credo religioso qualquer, seja Bíblia, Alcorão, O Livro dos Espíritos Torá, ou mesmo os preceitos das religiões de origem africana ou indígena. Que, ao contrário, todos gozam do republicano direito de culto e liturgia, sem, porém, poderem pretender se instalar como uma força política estatal.
O "credo" que funda e move a sociedade brasileira é unica e exclusivamente a Constituição da República. E, ali, diz, em cláusulas imutáveis, que é proibida no país toda e qualquer manifestação de preconceito e discriminação. Toda e qualquer, seja por qual motivo for.
- E o que significa isso? Significa que devo aprender a respeitar os outros, ainda que, intimamente, não concorde com as suas ideias e formas de conduzir as suas vidas. Tenho o dever de guardar isso para mim. No máximo, posso comentar em meus espaços de intimidade, com a minha família, meus amigos - mas sempre ressaltando que é a minha forma pessoal de ver. - Isso é respeito ao outro. Não posso desqualificá-lo em suas verdades, querendo que apenas a minha seja respeitada.
Esse, porém, é o grande problema dessas pessoas. Elas acreditam profunda e furiosamente que tem todo o direito de impor a sua verdade pessoal sobre toda a população brasileira. E, com base nessa visão totalitária, pensam que podem impedir que outras pessoas conquistem o direito de viverem sem discriminação, sem humilhação, sem violência, sem serem assassinadas.
Tal como os colonizadores portugueses, espanhóis e ingleses, não conseguem ter a humildade necessária ao encontro com o outro. Não conseguem conviver com a idéia de que as outras formas de crer e perceber o mundo, as pessoas e suas culturas, são tão merecedoras de respeito quanto as suas.
Totalmente tomados pela arrogância que os faz pensar que a única verdade é a sua; o único deus verdadeiro é o seu; a única forma correta de compreender a Bíblia é aquela ditada pela sua Igreja, voltam as costas para a história.
Esquecem todo o nosso passado de prepotência e assassinato dos povos da terra, da perseguição desferida contraos os cultos e tradições indígenas, africanos, judeus, muçulmanos.
Esquecem dos séculos que levaram discutindo se por acaso africanos escravizados e povos nativos do continente invadido eram verdadeiramente pessoas, se tinham ou não "alma", se mereciam ser tratados com respeito - coisa que, na atualidade, buscamos até para os animais, pois não temos o direito de submetê-los, fazê-los sofrer.
Esquecem que nosso país é formado por inúmeras nações indígenas (lamentavelmente, a grande maioria destruída justamente por essa forma de pensar), africanas e, na atualidade, além dos povos mediterrâneos, gente de todos os continentes e religiões - muçulmanos, judeus, budistas, cardecistas etc.
Tomados por essa visão autorreferente, totalitária, se esforçam por impedir que se efetive precisamente aquilo que diz a nossa Constituição: - Um país fraterno e justo, onde haja verdadeira observância do respeito diante das diferenças; onde todas as concepções religiosas sejam respeitadas - inclusive a concepção filosófica de não ter religião alguma.
Não conseguem construir dentro de si os valores de que dizem acreditar - fraternidade, humildade.
Ao contrário. Entendem que tem todo o direito de impor sobre toda a nação, sobre todos os mais de cem milhões de brasileiros - de todas as cores, origens, etnias, religiões e filosofias -, a sua concepção pessoal, ainda que partilhada por inúmeros, muitos, a maioria que seja, pois na democracia respeita-se sobretudo os direitos das minorias.
E, nesse caminho, se acham com o legítimo e divino direito de definir o modo de vida das pessoas segundo a sua ótica pessoal ("vício", "imoralidade").
Misturam orientação homossexual com pedofilia e toda a sorte de fantasias sexuais que trazem dentro de si.
E, baseados nisso, se acham com o direito a impedir que cada qual viva do seu jeito, busque a sua felicidade, sem violência, sem incomodar ninguém - princípio constitucional da autodeterminação, corolário da liberdade.
Afinal, em que a homossexualidade, isto é, o exercício da sua própria sexualidade com outra pessoa adulta e de sua vontade, na sua intimidade como qualquer outro casal heterossexual, incomoda tanto a essas pessoas?
Qual o direito alheio que os homossexuais estariam a violar?
É absolutamente inconcebível que no século XXI ainda existam pessoas que defendam publicamente a dominação de um grupo por outro; o impedimento de determinadas pessoas conquistarem o direito à vida e à vida com dignidade.
E, de tão cegos em sua obssessão, esquecem que essas pessoas tambem pagam impostos, cumprem todas as suas obrigações cidadãs.
O que é mais curioso, é que não se vê esse grupo de pessoas se mobilizarem com a mesma fúria e determinação, por exemplo, contra as práticas de pedofilia no interior das Igrejas; contra os cotidianos assassinatos de mulheres por seus excompanheiros; contra a miséria; a corrupção.
Mas ousam dizer de si cristãos.
Art. 1º A ementa da Lei nº 7.716 [esta é a lei antirracismo, já em vigor], de 5 de janeiro de 1989, passa a vigorar com a seguinte redação:
“Define os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião, origem, condição de pessoa idosa ou com deficiência, gênero, sexo, orientação sexual ou identidade de gênero.” (NR)
Art. 2º A Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989, passa a vigorar com as seguintes alterações:
“Art. 1º Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião, origem, condição de pessoa idosa ou com deficiência, gênero, sexo, orientação sexual ou identidade de gênero.” (NR)
....................................................................................................
“Art. 8º Impedir o acesso ou recusar atendimento em restaurantes, bares ou locais semelhantes abertos ao público.
Pena: reclusão de um a três anos.
Parágrafo único: Incide nas mesmas penas aquele que impedir ou restringir a expressão e a manifestação de afetividade em locais públicos ou privados abertos ao público de pessoas com as características previstas no art. 1º desta Lei, sendo estas expressões e manifestações permitida às demais pessoas.”
(NR)
..........................................................................................................
“Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião, origem, condição de pessoa idosa ou com deficiência, gênero, sexo, orientação sexual ou identidade de gênero.
Pena: reclusão de um a três anos e multa.” (NR)
Art. 3º O § 3º do art. 140 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal, passa a vigorar com a seguinte redação:
“§ 3º Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem, condição de pessoa idosa ou com deficiência, gênero, sexo, orientação sexual ou identidade de gênero:
....................................................................................” (NR)
Art. 4º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Sala das Comissões, 10 de novembro de 2009.
Senadora ROSALBA CIARLINI, Presidente
Peço que me mostrem, por favor, onde é possível encontrar, nessa proposta e na sua anterior:
* A instituição de Privilégios aos homossexuais (LGBTs);
* O ataque à vida e à família
* "Privilegiar um grupo em detrimento de toda a sociedade"
A primeira matéria aqui linkada, após afirmar toda essa sorte de acusações, é perfeitamente clara e expressa em revelar o que é que realmente está sendo combatido; o que exatamente esse bloco obscurantista e preconceituoso (portador de uma pré-noção daformada, irreal) se opõe, não consegue admitir:
O motivo central pelo qual esse projeto deve ser totalmente rejeitado é que ele pretende dar direitos ao vício. O homossexualismo não acrescenta direitos a ninguém. Se um homossexual praticante tem algum direito, conserva-o apesar de ser homossexual, e não por ser homossexual. O mesmo se pode dizer de qualquer outro vício. O bêbado, o adúltero, a prostituta... só têm direitos como pessoas, mas não por causa da embriaguez, do adultério ou da prostituição. [...]
Não pode queixar-se de seu empregador querer demiti-lo temendo a corrupção moral de sua empresa. Não pode exigir que um juiz da infância lhe dê uma criança para adotar. Não pode obrigar uma mãe de família a confiar nele para cuidar de seus bebês. Não pode forçar a população a tolerar seus atos de obscenidade praticados em público.O texto é assinado "Anápolis, Pe. Luiz Carlos Lodi da Cruz Presidente do Pró-Vida de Anápolis19 de maio de 2007".
Nele está bem claro o tom emocional e preconceituoso que não permite enxergar a proposta - ou melhor, enxerga, mas não concorda com ela.
E esse é justo o ponto central da questão. Esse bloco pseudo-cristão entende que a sua peculiar forma de interpretar a Bíblia - que é a expressão de sua crença pessoal e particular - e de ser a homossexualidade deve se impor a toda a sociedade brasileira, indistintamente, como se diz, do Oiapoque ao Xuí.
Ignoram completamente as contemporâneas conclusões da ciência médica e seguem rotulando "alcoolismo" como "vício". Como "vício" também percebem outras formas de comportamento - prostituição, adultério.
São pessoas que não conseguem de modo nenhum vivenciar os valores praticados e propagados pelo Cristo (freternidade, humildade) e compreender que vivemos numa República - democrática, pluralista, secular.
Isto é, um Estado Nacional que não se move a partir de credo religioso qualquer, seja Bíblia, Alcorão, O Livro dos Espíritos Torá, ou mesmo os preceitos das religiões de origem africana ou indígena. Que, ao contrário, todos gozam do republicano direito de culto e liturgia, sem, porém, poderem pretender se instalar como uma força política estatal.
O "credo" que funda e move a sociedade brasileira é unica e exclusivamente a Constituição da República. E, ali, diz, em cláusulas imutáveis, que é proibida no país toda e qualquer manifestação de preconceito e discriminação. Toda e qualquer, seja por qual motivo for.
- E o que significa isso? Significa que devo aprender a respeitar os outros, ainda que, intimamente, não concorde com as suas ideias e formas de conduzir as suas vidas. Tenho o dever de guardar isso para mim. No máximo, posso comentar em meus espaços de intimidade, com a minha família, meus amigos - mas sempre ressaltando que é a minha forma pessoal de ver. - Isso é respeito ao outro. Não posso desqualificá-lo em suas verdades, querendo que apenas a minha seja respeitada.
Esse, porém, é o grande problema dessas pessoas. Elas acreditam profunda e furiosamente que tem todo o direito de impor a sua verdade pessoal sobre toda a população brasileira. E, com base nessa visão totalitária, pensam que podem impedir que outras pessoas conquistem o direito de viverem sem discriminação, sem humilhação, sem violência, sem serem assassinadas.
Tal como os colonizadores portugueses, espanhóis e ingleses, não conseguem ter a humildade necessária ao encontro com o outro. Não conseguem conviver com a idéia de que as outras formas de crer e perceber o mundo, as pessoas e suas culturas, são tão merecedoras de respeito quanto as suas.
Totalmente tomados pela arrogância que os faz pensar que a única verdade é a sua; o único deus verdadeiro é o seu; a única forma correta de compreender a Bíblia é aquela ditada pela sua Igreja, voltam as costas para a história.
Esquecem todo o nosso passado de prepotência e assassinato dos povos da terra, da perseguição desferida contraos os cultos e tradições indígenas, africanos, judeus, muçulmanos.
Esquecem dos séculos que levaram discutindo se por acaso africanos escravizados e povos nativos do continente invadido eram verdadeiramente pessoas, se tinham ou não "alma", se mereciam ser tratados com respeito - coisa que, na atualidade, buscamos até para os animais, pois não temos o direito de submetê-los, fazê-los sofrer.
Esquecem que nosso país é formado por inúmeras nações indígenas (lamentavelmente, a grande maioria destruída justamente por essa forma de pensar), africanas e, na atualidade, além dos povos mediterrâneos, gente de todos os continentes e religiões - muçulmanos, judeus, budistas, cardecistas etc.
Tomados por essa visão autorreferente, totalitária, se esforçam por impedir que se efetive precisamente aquilo que diz a nossa Constituição: - Um país fraterno e justo, onde haja verdadeira observância do respeito diante das diferenças; onde todas as concepções religiosas sejam respeitadas - inclusive a concepção filosófica de não ter religião alguma.
Não conseguem construir dentro de si os valores de que dizem acreditar - fraternidade, humildade.
Ao contrário. Entendem que tem todo o direito de impor sobre toda a nação, sobre todos os mais de cem milhões de brasileiros - de todas as cores, origens, etnias, religiões e filosofias -, a sua concepção pessoal, ainda que partilhada por inúmeros, muitos, a maioria que seja, pois na democracia respeita-se sobretudo os direitos das minorias.
E, nesse caminho, se acham com o legítimo e divino direito de definir o modo de vida das pessoas segundo a sua ótica pessoal ("vício", "imoralidade").
Misturam orientação homossexual com pedofilia e toda a sorte de fantasias sexuais que trazem dentro de si.
E, baseados nisso, se acham com o direito a impedir que cada qual viva do seu jeito, busque a sua felicidade, sem violência, sem incomodar ninguém - princípio constitucional da autodeterminação, corolário da liberdade.
Afinal, em que a homossexualidade, isto é, o exercício da sua própria sexualidade com outra pessoa adulta e de sua vontade, na sua intimidade como qualquer outro casal heterossexual, incomoda tanto a essas pessoas?
Qual o direito alheio que os homossexuais estariam a violar?
É absolutamente inconcebível que no século XXI ainda existam pessoas que defendam publicamente a dominação de um grupo por outro; o impedimento de determinadas pessoas conquistarem o direito à vida e à vida com dignidade.
E, de tão cegos em sua obssessão, esquecem que essas pessoas tambem pagam impostos, cumprem todas as suas obrigações cidadãs.
O que é mais curioso, é que não se vê esse grupo de pessoas se mobilizarem com a mesma fúria e determinação, por exemplo, contra as práticas de pedofilia no interior das Igrejas; contra os cotidianos assassinatos de mulheres por seus excompanheiros; contra a miséria; a corrupção.
Mas ousam dizer de si cristãos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário