terça-feira, 30 de setembro de 2014

As Campanhas Presidenciais e o dia a dia de injúrias

O fato de Marina Silva ter ostentado em seu programa como candidata à Presidência alguns itens da pauta dos movimentos LGBT sem dúvida alguma levou a campanha presidencial para um patamar exatamente oposto àquele inaugurado por Serra em 2010. 

Aqui como lá todos seguiram atrás. 

Lá rumo ao pior obscurantismo, fundamentalismo e desrespeito para com a população LGBT e ao direito das mulheres ao aborto (por ações ou omissões). Diapasão que não se resumiu ao período eleitoral, mas norteou toda a Legislatura e o mandato da Presidenta eleita, que optou por se manter servil e subserviente a esse bloco de poder que, em contrapartida, sempre que podia lhe humilhava, atacava e chantageava e desrespeitava inclusive o cargo no qual encontrava-se investida (Quem não se lembra de Bolsonaro, integrante de sua base partidária de apoio, gritar na Tribuna para que ela confessasse à nação se acaso era ou não lésbica?)

Aqui para um patamar de reconhecimento e indignação ante a continuidade das práticas desqualificatorias aos LGBTs, embora no tocante ao aborto não tenhamos verificado avanço, nem mesmo diante das duas recentes mortes ocorridas no Rio de Janeiro. 

Após a sucessão de injúria homofóbica dita em um debate televisivo pelo candidato à presidência Levy Fidelix (de um partido chamado "Renovador Trabalhista Brasileiro"), diversos foram os parlamentares, partidos e, mesmo a OAB, anunciando representação contra o candidato perante o Ministério Público Eleitoral. 

Esperamos que essa febre civilizatória em prol do respeito dos direitos humanos como valor universal, via de consequência, efetivos também em relação aos LGBTs não tenha solução de continuidade após as eleições, pois o que ele disse tem sido repetido com variações ad nauseam por parlamentares, "pastores" e, pasmem!!!, juízes (ver um exemplo aqui) com conteúdo injurioso semelhante ou superior, sem que as respectivas Comissões de Decoro Parlamentar, o Ministério Público Federal, Conselho de Magistratura ou Conselho Nacional do Judiciário tenham feito nada no sentido de coibir tais práticas e tornar efetiva a Constituição da República.


(Atualizado às 15h57)

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