Causou e vem causando muita indignação a atitude do governador do Acre, o ex-deputado Tião Viana, do PT, de decidir criar, com recursos públicos, um "Parque Gospel", após haver participado da Marcha do Orgulho Hetero .
Alega-se, com justa razão, que o nobre governador está a rasgar o Programa do Partido e a Constituição da República.
É bom que se recorde, entretanto, que não é em absoluto um caso isolado.
Não é de agora, assim de um passe de mágica, isso de integrantes de partidos até certo tempo atrás reconhecidos por atuarem na defesa dos nossos maiores valores (por isso mesmo e com a colaboração de muitxs delxs integrantes da Constituição da República: não discriminação, dignidade da pessoa humana, justiça social, solidariedade, laicidade, democracia), passarem a adotar atitudes em completo desrespeito inclusive ao seu Programa Partidário (onde consta expressamente o compromisso da luta em prol da dignidade de homossexuais, travestis, transexuais).
Não é de agora, assim de um passe de mágica, isso de integrantes de partidos até certo tempo atrás reconhecidos por atuarem na defesa dos nossos maiores valores (por isso mesmo e com a colaboração de muitxs delxs integrantes da Constituição da República: não discriminação, dignidade da pessoa humana, justiça social, solidariedade, laicidade, democracia), passarem a adotar atitudes em completo desrespeito inclusive ao seu Programa Partidário (onde consta expressamente o compromisso da luta em prol da dignidade de homossexuais, travestis, transexuais).
Trata-se de um processo em curso.
Parcela substancial das forças mais progressistas e comprometidas com os valores fixados na Carta Cidadã de 1988 vem, passo a passo, votação a votação, eleições a eleições, se deixando sequestrar pelas forças mais obscurantistas, reacionárias e discriminatórias, notadamente aquelas que se expressam por meio de determinadas vertentes cristãs.
Recentemente (em setembro deste ano de 2011) tivemos o caso do Piauí, onde parlamentares do PT foram acusados de se recusarem a votar a favor da inclusão da expressão "orientação sexual" no elenco de motivadores de ações discriminatórias. Veja aqui. E, também, aqui.
O mesmo aconteceu em agosto de 2009, quando da votação do ESTATUTO DAS FAMÍLIAS pela CSSF da Câmara Federal. Veja aqui.
Idem, com a posição adotada pelo PETISTA Senador Lindbergh Farias de ficar CONTRA a Resolução do Conselho Curador da EBC de retirar a programação religiosa da TV Brasil, em 29 de setembro deste 2011. Veja aqui.
Idem, com o recuo verificado pela deputada federal Benedita da Silva, também do PT-RJ:
Durante o Congresso Constituinte, foi a única parlamentar a manifestar público apoio à reivindicação apresentada, no momento mesmo de sua exposição, por João Antônio Mascarenhas, perante o Congresso Constituinte, em 1987 (Câmara, Cristina. Cidadania e orientação sexual - a trajetória do Triângulo Rosa, 2002, pág. 117).
Hoje, sintomaticamente, esconde essa atuação, à época tão rara de ser assumida. Essa atuação tão nobre e dignificante em prol dos direitos humanos, por força presumivelmente da ascensão que o poder neopetencostal vem conquistando em nosso parlamento, a deputada deixa de mencionar - seja em sua biografia, seja em sua menção à resposta que deu ao deputado Jean Wyllys.
Nos dias que correm, ao contrário daqueles tempos (bicudos como os de hoje, mas de uma outra forma), a deputada declina de manter-se coerente:
Tanto eu, quanto Lula, Dilma e Cabral consideramos as igrejas parceiras da administração pública na execução de serviços de assistência social e na defesa dos Direitos Humanos. E eu, que defendo a liberdade de religião e que trabalhei por isso nos meus mandatos parlamentares, jamais fui obrigada a aprovar leis contrárias aos meus princípios religiosos.(Destaquei)Hoje a deputada fluminense prefere perfilar-se junto "aos seus" - a Frente Parlamentar Evangélica, uma das apresentações da "Liga". Quem sabe fazendo figa para que esse seu passado de efetiva luta pelos direitos humanos não seja recordado. [Texto originalmente publicado aqui.]
Mas, como já expressei alhures, de meu ponto de vista, a responsabilidade é só e somente nossa. Tivéssemos sido capazes de construir uma base política, ao invés de nos contentarmos com contratos, projetos, PTAs, Seminários e Trios Elétricos...
Estamos a colher o que plantamos: Temos Seminários, Conferência, Trios Elétricos, mas não temos força nem peso político. Certxs parlamentarxs que no passado recente lutaram tenazmente pelo PLC 122 terminaram por não se reeleger - nós não fomos capazes de lhes dar sustentação.
No entanto,não está dominado!
Mas, ao que parece, preferimos nos contentar com a lamúria virtual...
Nenhum comentário:
Postar um comentário